quinta-feira, 7 de março de 2013

Capitulo 5 - To be Loved


“Take the past, burn it up and let it go
Carry on, I’m stronger than you’ll ever know
That’s the deal, you get no respect
You’re gonna get yours, you better watch your fucking neck.”


Pegue o passado, queime-o e deixe-o ir
Continue, estou mais forte do que você jamais saberá
Este é o acordo, você não consegue respeito
Você terá o seu. Melhor você cuidar do seu maldito pescoço.”




            Kai respirou fundo e apanhou sua bolsa assim que a aula acabou e saiu apressada da sala. Havia discutido com Mio, pois a garota se recusará a fazer trabalho em dupla com Yuki, o que deixou o garoto um tanto chateado. E Kai tentará ajudar, mas fora tratada com “sete pedras na mão” pela amiga. Mio pegou suas coisas, estava em outra mesa, sozinha, e seguiu para fora da sala de aula. Passou as mãos pelas madeixas ruivas e quando iria atravessar a rua, sentiu o seu pulso ser segurado.


            – Mio... Minha mãe te convidou para jantar lá em casa hoje... – Yuki disse e respirou fundo. – Irei te pegar as sete e meia, esteja pronta! – E em seguida, seguiu seu caminho, acompanhado de Solar, que chamou-o.


            Mio seguiu para casa e chegou era cerca de seis e meia, havia tido “aulas” á tarde também. Trocou de roupa lentamente, colocando um short de couro, velho e curtinho, uma regata preta e por cima uma jaquetinha e nós pés, colocou uma rasteirinha. Sua irmã estava deitada dormindo. Pegou o dinheiro que estava na calça justa dela e guardou onde deveria estar. Ajeitou as poucas coisas dentro da minúscula casa, e assim que deu sete e vinte saiu de dentro da casa. Sem esquecer de deixar um bilhete para a irmã.
            Sentou-se no meio fio e ficou ali cerca de cinco minutos, até Yuki aparecer. Ele sorriu-lhe, e ela se levantou. Seguiram em total silêncio até a casa do moreno e entraram na mesma, e Mio não se surpreendeu muito ao notar que Solar também estava ali. Sorriu de modo fraco.


            – Mio querida! – A mãe de Yuki apareceu, abraçando a menor. – Fiquei tão feliz quando Yu-kun disse que vinha.
            – Obrigada pelo convite, senhora Kana. – Agradeceu Mio, passando as mãos pelos cabelos ruivos.
            – Essa aqui é a... – Kana iria começar, olhando com desdém para Solar.
            – Solar, namorada de Yukio. – Completou a Kouchi, sorrindo fraco. – Estudamos na mesma sala, não é mesmo, Solar?
            – Sim, mac... Mio! – Sorriu falsa e logo foram até a sala de estar.
            – Então Mio, como estão as coisas? As aulas de ginástica já começaram? – Perguntou Kana, enquanto a empregada largava algumas xícaras na mesa.
            – Começou sim! – A ruiva assentiu, pegando uma xícara de chá. – É logo depois da escola, quase todos os dias.
            – Ah, que bom então! – Kana assentiu. – E você Solar, o que faz?
            – Huh, eu sou líder de torcida. – A loira disse, convencida. – Já ganhei cinco medalhas!
            – Interessante. – A mulher sorriu levemente. – Como estão as coisas com sua irmã, Mio?
            – Ah, normais. Lana não tem ficado muito em casa, esses dias. – Deu de ombros e sorriu de leve.
            – Amor... – Solar chamou numa voz manhosa enquanto Kana e Mio conversavam.
            – Oi? – Yuki virou o olhar para ela, e logo sentiu os lábios macios e lambuzados de gloss da loira sobre os seus.


            Mio viu a cena e seu coração partiu-se em mil pedaços. Ou melhor, estava triturado. Olhou a hora no relógio da parede, e levantou-se apressada. A atenção de todos foram para a ruivinha, que estava com as bochechas levemente coradas, e não era de vergonha e nem de raiva, e sim por segurar a vontade de chorar.


            – Me desculpe, mas eu lembrei que tenho compromisso, deixamos o jantar para outra hora! – E saiu correndo até a porta, abriu-a e saiu, permitindo que as lágrimas escorressem.


[...]


            – Eu estou indo, Ichiru. Não posso mais viver desse jeito. Será que dá para você entender? – Yoko dizia. Carregava uma pequena bolsa consigo, que tinha o pouco dinheiro que lhe restava, uma maçã e suas roupas e sapatos.
            – Aqui você tem tudo que precisa, Yoko! – Ichiru disse, segurando-a pelo pulso. – Não custa nada ficar.
            – Eu tenho tudo que eu preciso á troco de algo. E pra mim chega disso. – Ela virou-se e saiu pela porta da casa do vizinho.


            Ela perambulou pelas ruas até cansar-se, achando uma praça. Deitou-se num banco, apoiou a cabeça sobre a pequena bolsa e dormiu. Ali mesmo, no frio, de modo desconfortável e com o corpo ainda marcado de chupões, aliás, haviam sido feitos a pouco tempo pelo seu ex-vizinho.
            De manhã, assim que o sol nasceu ela acordou-se. E quando sentou, notou três pessoas paradas, analisando-as. O de faixa, o baixinho e Miwa. Ruki respirou fundo, passou as mãos pelos cabelos e se afastou. Não conseguia ver os chupões no corpo da amiga. Miwa e Reita sentaram-se ao lado da loirinha.


            – O que aconteceu dessa fez, Yoko? – Quem perguntou fora Miwa, acariciando os cabelos da loirinha.
            – Eu tive que sair de casa! – Sussurrou baixinho e coçou de leve a nuca, de modo sem graça.
            – E essas marcas? – Akira perguntou, analisando o pescoço de Yoko. – Parecem recentes.
            – N-Não são nada! – Disse cobrindo o local com a mão. – É alergia, eu já disse!
            – Nós sabemos que não é, Yoko. – Miwa revirou os olhos e respirou fundo. – Nenhum idiota acredita nisso!
            – Enfim, vamos para a minha casa, você pode ficar por lá! – Disse Reita e Yoko se levantou.
            – Não precisa! – Disse, passando as mãos pelos cabelos.
            – Precisa e você vai! – O de faixa disse, puxando a loirinha que cedeu. – Takanori, vamos!
            – Tudo bem. – Takanori disse e, enquanto Miwa, Yoko e Akira iam mais a frente, ele ia um tanto afastado, atrás.


            Chegaram na casa grande de Reita, e como esperado, seus pais não estavam em casa. E nem voltariam tão cedo. Takanori passou a maior parte do tempo grudado em seu celular luxuoso, fazendo alguma coisa. Yoko alimentou-se com comida descente pela primeira vez, sem precisar fazer nada que não quisesse. E Akira juntamente com Miwa, ficaram procurando o que fariam a tarde toda.
            No fim, até se divertiram. Assistiram filme, conversaram e a hora do jantar logo chegou. Yoko nem sequer percebeu – estava feliz de mais para notar algo – quando Akira logo arrumou a mesa, com diversas coisas para eles comerem. Chamou todos para jantar, porém Ruki nem moveu-se; parecia hipnotizado pelo celular.


            – Ruki, você não vai jantar? – Perguntou Miwa, se aproximando e retirando o celular das mãos do baixinho.
            – Não estou com fome. – Disse, os olhos enfurecidos encarando Miwa com desdém.
            – Passou a tarde toda grudado nessa merda! – Resmungou, colocando no bolso o celular do menor. – Pelo menos sente com nós e converse.


[...]


            Já na rua, ainda estava Mio. Será que ainda era aquela “doença” que fazia ela sentir aquela enorme dor dentro do coração, como se ele estivesse sendo esmagado? Que fazia-a chorar tão intensamente que já estava se tornando impossível respirar? Estava ali, no chão. Sentada no meio fio de uma calçada e esperando que a dor finalmente passasse; azar o seu. A dor não passou, nem sequer aliviou. Aumentou, enquanto flashs com Yuki e Solar passavam em sua mente. Estava descontrolada e não sabia se podia suportar tamanha dor e incomodo no coração.






Notas da autora:

Aqui está, me perdoem a demora. Espero que gostem. sz

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Capitulo 4 - Hurt



“What have I become, my sweetest friend?
Everyone I know goes away
In the end.”


O que eu me tornei, minha mais doce amiga?
Todos que eu conheço vão embora
No final.”



            Ninguém sabia onde a garota passou a aula. Na hora do intervalo, Akira, Miwa e Takanori foram procurá-la. Eles mesmos até entraram no banheiro feminino para ver se a garota estava lá, mas nada de Yoko. Procuraram por todos os cantos, menos um. Menos um onde achavam que ela nunca chegaria perto. Cada um fora para um lado, separaram-se em busca da Hashirama. Então, Takanori decidira ir onde pensava que a garota nunca chegaria perto, precisava ter certeza daquilo tudo.
            Se aproximou da parte de trás da escola, após atravessar um grande gramado. Era no fundo, atrás do pavilhão esquecido da escola. Havia um portão e um muro lá, não tão altos, mas que separavam aquela parte bonita de uma outra realidade. Passou pelo portãozinho e passou pelo estreito “corredor” feito de dois muros altos. E logo estava em um campo grande e aberto, com algumas mesas grandes e bancos. Um cheiro forte de drogas e bebidas se instalava no local. Ali era usado pelos drogados da escola, mas a diretora nunca importou-se realmente em vistoriar aquele local, nem imaginava que alunos estivessem ali.
            E logo o Takanori avistou Yoko. Conversava com um garoto, seu nome era Miyavi e supostamente era do primeiro ano. Ninguém nunca soubera ao certo, já que desde o primeiro dia de aula nunca pusera os pés na sala. A Hashirama fumava algo, e ao lado de seu corpo, uma garrafa de whisky pela metade. O Matsumoto passou as mãos pelos cabelos, desesperado. Logo foi para um canto mais afastado e pegou seu celular, discando o número de Reita.

            – Akira? É o Takanori. Encontrei Yoko. – Disse baixo, e encostou-se em uma árvore. – Mas vou precisar da sua ajuda...  
            – Ah, me poupe Takanori! – Resmungou o de faixa no celular. – Vai me dizer que ela chutou suas bolas? Anão!
            – Não! – Revirou os olhos. – Mas tem muita gente por aqui, se eu tentar levar ela de volta eu com certeza apanho. – Explicou, olhando para os lados.
            – Takanori, onde você se enfiou que achou ela? – Akira disse, irritando. – Andei por toda a escola e não achei vocês!
            – Eu, teimoso, vim ver aqui onde aquele ex-namorado da Aika fica, o tal de Miyavi. – Explicou, lançando seu olhar para o homem. – E encontrei Yoko. Aqui atrás.
            – Dois minutos e eu to aí! – E logo depois, o loiro desligou o celular.


            E talvez tenha sido menos de dois minutos e Akira já estava ali. Andou rápido até Takanori e então todos – ou quase todos – pareceram notar os dois ali. A maioria tinha medo do Suzuki, então, desviaram o olhar, mas os outros sustentavam intensamente o olhar, como se fossem matar os dois. Takanori respirou fundo e olhou para Akira por curtos segundos, logo tornando o olhar para Miyavi e Yoko.

           
            – Será que é uma boa ideia fazermos isso? – Questionou o baixinho, passando as mãos nos cabelos.
            – É a Yoko, Takanori! – Akira deu-lhe um tapa fraco na nuca. – Vamos logo e para de choramingar.


            Foram até lá, e pararam. Miyavi olhou-os, pegando o cigarro da boca da Hashirama e colocando na sua. Em seguida, apanhou a garrafa de whisky e estendeu em direção á eles, como se lhes oferecesse a bebida. Akira recusou, com um olhar severo. Pareciam conversar em silêncio. Olhou para Yoko, e respirou fundo, enquanto o Matsumoto apenas observava, em total silêncio.


            – A garota. – Disse, ríspido e sem se preocupar em ser educado. Miyavi levantou-se com Yoko.
            – Por que vieram atrás de mim? São minhas babás, por acaso? – Ditou, revirando os bonitos olhos negros. Logo alguns amigos de Miyavi se aproximaram.
            – Ela não parece querer ir! – Disse um dos homens. – Azar o de vocês, né?
            – Saiam daqui e me deixe curtir. Irei agradecer por isso. – Disse Miyavi em um tom asqueroso. Takanori sabia muito bem o que ele queria; sexo.
            – Faremos um acordo, então. – O Matsumoto tomou a frente. – Nós sairemos, apenas se vocês nos matarem. Caso contrário, levaremos Yoko.
            – Olha... A florzinha tomou atitude! – Gritou um dos homens e riram. – Fechado então. Vai se arrepender, Matsumoto.
            – Akira, Takanori! – Miwa chegou, resmungando baixinho e pondo-se perto deles. – Já se metendo em encr... – Interrompeu-se, vendo Yoko.
            – Cala a boca e ajuda! – Resmungou o Takanori.


            Logo um  dos homens chutou o baixinho, que fechou um dos olhos. Yoko queria ajudá-lo, mas Miyavi segurava a mesma fortemente pelos ombros. Dois deles seguraram o baixinho, um por cada braço e um terceiro deu-lhe um forte soco no estomago e outro no rosto. Já Miwa teve os lindos e negros cabelos pegos e puxados com força, foi deitado no chão e o homem dera-lhe vários socos na face, que a essa altura, já sangrava. Akira chutou o homem que tentou se aproximar de si, e roubou o bastão de baseboll do outro, era de aço. Acertou-lhe as costas com força, e assim que o homem caiu, chutou-o.
            Dolorido, o homem nem ousara mexer-se, então o de faixa virou-se e acertou com o bastão no braço do outro, que resmungou de dor. Em seguida, socou-lhe a face. Em troca, recebera dois socos diretamente no rosto. Abaixou-se e deu uma rasteira no que lhe bateu, e este caiu no chão, batendo a cabeça com certa força.
            Miwa já havia deixado o homem caído e ensanguentado no chão, mas Takanori... Este estava deitado no chão, com roupas e rosto sangrando. Um dos garotos chutou-lhe o rosto e em seguida o estomago. Cuspiu sangue. Yoko debateu-se, mas Miyavi não soltou a mesma. E nem iria soltar enquanto o acordo não fosse cumprido. Pegou a garota e deu-lhe um fraco tapa nas coxas, levantou um pouco a saia do uniforma da mesma e começou a afastar a calcinha. Abriu sua calça e retirou seu membro para fora e sem esperar, penetrou na garota.
            O Matsumoto estava caído ao chão, sangrando, mas assim que viu a cena, desesperou-se. Enquanto seus amigos brigavam com os outros, ele levantou-se com certa dificuldade. A essa altura, já tinha uma roda envolta deles. Enfurecido, ele bruscamente puxou Miyavi e afastou Yoko dele. E sem pensar, segurou nos cabelos do homem e com uma força incrível – que muitos pensavam não habitar o corpinho pequeno – Takanori simplesmente bateu com força o rosto de Miyavi na beira da mesa que havia ali. Desferiu-lhe alguns chutes e depois bateu o rosto dele contra uma das árvores, e largou-o ali.

            – Takanori, vamos. – Disse Akira, respirando fundo. Miwa pegou Yoko pelo braço e começaram a andar.
            – Droga Yoko, tava pensando o que? – Miwa resmungou, quando chegaram em outro local, escondido, no jardim. – Você sabe onde e com o que se meteu?
            – Sei! – Confirmou, vendo Takanori levantar-se, irritado. – O que foi?
            – Ainda pergunta o que foi, caralho? – Gritou, enfurecido. – Olha o estado da minha camisa! – Saiu dali, apressado.


            Foi até o banheiro, e retirou a camisa, colocando-a em baixo da torneira. Respirou fundo, enquanto tentava tirar as manchas de sangue da camisa branca. Logo três garotos entraram no banheiro. Um deles empurrou com força a cabeça do pequeno em direção ao grande espelho. Arfou de dor, enquanto o espelho se quebrava e cortava sua testa de leve. Em seguida, pegaram-no pelos braços, e o terceiro socou-lhe diversas vezes, até ter certeza de que o menor estaria bem debilitado, e saíram, deixando-o atirado no chão.
            Irritado com a demora do amigo, Akira levantou-se e seguiu até o banheiro, assustando-se ao ver o estado do Matsumoto, pegou o mesmo e apoiou-o em seu ombro, mesmo sem camisa. Desligou a torneira e seguiu para fora, com ele apoiado em si. Como era horário de aula, não havia ninguém nos corredores, o que permitiu que ele chegassem até Miwa e Yoko.


            – O que aconteceu? – A menina perguntou, e ajudou, apoiando o corpo de Takanori em seu ombro para ajudar.
            – Não sei, encontrei ele assim no banheiro! – Disse o loiro e olhou para Miwa. – Só pode ter sido o grupo de Miyavi!
            – Porra! – Miwa respirou fundo, tentando manter a calma. – Vou matar eles!


Notas finais:

Capitulo mais - totalmente - focado em Yoko. Logo focarei mais nas outras. <33

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Capitulo 3 - Jar Of Hearts


“And who do you think you are?
Running 'round leaving scars
Collecting your jar of hearts
And tearing love apart
You're gonna catch a cold
From the ice inside your soul.”


E quem você acha que é?
Deixando cicatrizes por aí
Colecionando um jarro de corações
E rasgando o amor ao meio
Você vai pegar um resfriado
Do gelo dentro da sua alma.”



            Haviam se passado cerca de um mês desde que fizeram os trabalhos, já haviam apresentado e entregado. Era hora da entrada, Kai e Mio estavam sentadas, tomando um chá gelado de latinha, e ao longe Mio pode ver Yuki abraçado com Solar, beijando-lhe ás vezes o queixo e outras vezes o pescoço. Sem ter muita consciência do que estava fazendo, os olhos da Kouchi marejaram, e logo ela estava chorando, assustando a Namae.


            – Mio-chan! – Disse assustada e tentando consolar a amiga. – O que houve?
            – Eu não sei, Kai! – Resmungou de forma manhosa, enquanto abraçava a amiga. – Tá doendo!
            – O que está doendo? Vou te levar pra enfermaria. – A Namae levantou-se, arrastando a amiga consigo.
            – O coração! – Mio disse manhosa, enquanto algumas pessoas viam as meninas. Agora todos já usavam o uniforme da escola.
            – Vamos, depressa! – Kai apressava a menina. – Hanako-san disse que sempre que o coração dói, é algo importante e que pode ser grave!


            Entraram na enfermaria, e a mulher bonita de cabelos roxos e seios fartos que usava um jaleco assustou-se com o estado da menina. Ela chorava compulsivamente, e a amiga parecia extremamente assustada. Nesse mesmo momento, o sinal indicando o término do intervalo anunciou.


            – Pode deixar sua amiga aqui, vá para a aula! – Disse carinhosamente, indicando para Mio sentar-se na maca.
            – Cuida bem dela! – E logo saiu da enfermaria, indo para sua sala.
            – Conte-me, o que está sentindo, mocinha? Onde dói tanto para você chorar assim? – A mulher perguntou, abrindo a camisa de botões de Mio.
            – O coração! – Disse manhosa, enquanto tentava cessar o choro, mas sem sucesso.
            – E primeiro, qual é o seu nome? – Perguntou, analisando os batimentos da menina, tudo parecia normal ali.
            – M-Mio. – Respondeu prontamente, tentando secar algumas lágrimas que escorriam pelo seu rosto.
            – E Mio-chan, o que você estava fazendo quando seu coração começou a doer? – Perguntou Saeko, a enfermeira.
            – Eu e minha amiga estávamos sentadas, e eu vi Yuki-kun abraçado com Solar... E começou a doer. – Disse a menina, chorando ainda mais ao lembrar-se da cena.
            – Mio-chan... – Ela deu um sorriso fraco. – Você descobriu o amor!


            Depois de longos conselhos, consolos, lágrimas e lenços, de acordo com o que Saeko falará, a Kouchi estava apaixonada por Yuki. Sentia todos os sintomas daquela “doença” – como Mio pensava – seu coração disparava ao ficar perto, ver e falar com Yuki, ela sorria bobamente e sentia algo que se chamava ciúmes – outra doença, na visão de Kouchi – que envolvia possessão. Nunca havia sentido aquilo antes!
            Já melhor, Mio voltou para a sala de aula, pedindo licença para a professora de japonês, que autorizou, e sentou-se ao lado de Kai, um tanto mais aliviada. Mas ainda assim doía, doía muito. Mas ela, de acordo com a enfermeira, deveria ser forte e não chorar, pois demonstraria fraqueza, e indesejavelmente Yuki poderia descobrir e seria ainda pior, pois ele estava com Solar, e isso era sinal que também não estava “doente” por si.


            – O que você tem, Mio-chan? – Perguntou Kai, baixinho. Teru e Yuki logo começaram a prestar atenção, disfarçadamente, na conversa das duas.
            – Saeko disse que estou com uma doença grave! – Sussurrou, esquecendo-se de Yuki a sua frente. Os três se espantaram. – Disse que estou apaixonada.
            – Mio-chan... – Kai riu baixinho, e fechou um dos olhos, tentando conter o riso. – Estar apaixonada não é uma doença!
            – Claro que é! – Mio disse, fazendo um pequeno bico enquanto copiava. – E pelo visto, é uma doença no coração, considerando o tanto que dói!
           

            Passaram o restante da aula falando sobre aquilo, mas em nenhum momento Mio citou que era por Yuki que estava apaixonada. Apesar de ter todos os “sintomas” ela nem certeza tinha. Conviviam a um mês juntos, apenas! Quem se apaixonaria por alguém em um mês? É... Ela se apaixonava em um mês! Maldito coração. Podia simplesmente ter se apaixonado por Uke, haviam se beijado! Mas não, tinha de ser por Yuki. Justo ele.


            – Está dormindo, Mio? – Yuki perguntou, quando a mesma estava parada feito uma idiota no portão da escola. Kai já havia ido para casa.
            – A-Ah! – Viu que já era tarde, cerca de seis e meia, pois havia aula á tarde, e o céu já estava escuro. – Até mais.
            – Espera! – Pediu, e foi atrás dela, que andava lentamente. – Quer que eu te leve até sua casa? Está tarde!
            – Não precisa! – Disse rapidamente, sentindo seu coração disparar.
            – Amor! Vem cá... – A voz irritante de Solar chamou por Yuki, fazendo Mio trincar os dentes. – Oi, garota.
            – Tchau. – Mio deu de ombros, e logo começou a andar, furiosa.


            Seguiu seu caminho até sua casa, e quando entrou lá, encontrou sua irmã caída ao chão, com uma garrafa de whisky em mãos, e alguns centavos no chão, o único dinheiro que havia sobrado para “viverem”, ninguém sobrevive com cinquenta centavos. Logo alguns trabalhadores da empresa de água e luz vieram cortar tais acessos, e ela não pode negar. Ótimo! Como iria estudar no escuro, e tomar banho sem água?


            – Onee-chan, acorde! – Pediu baixinho, balançando o corpo da irmã. – Não pode ficar deitada no chão, será comida pelos ratos.
            – Argh, o que foi, Mio? – Gritou, quebrando a garrafa, bêbada . E com um dos cacos, cortou o braço da irmã.


            Mio assustou-se tanto, que saiu correndo apavorada de dentro de casa. Correu pelas ruas frias, sangrando e com frio. Para onde ela estava indo não fazia a menor ideia, mas pelo menos estava longe de sua irmã. E se tivesse lhe atingido o pescoço? Yuki nunca saberia que ela teria morrido! Logo sentiu seu corpo bater-se contra o de alguém, e cair no chão. Olhou para cima, vendo a face de Yuki.


            – O que aconteceu, Mio? – Perguntou, abaixando-se e vendo a chuva começar. – Vem, vamos ali em casa pra mim ver isso...
            – Não precisa, foi só um cortezinho. – Disse, olhando para o machucado e sorrindo.
            – Logo a chuva vai ficar forte, para de manha e vem! – Disse, e logo a chuva se intensificou.


            Yuki então, começou a correr, arrastando a mais baixa consigo e logo entraram na casa do moreno. E a mãe do mesmo apareceu, assustada com o barulho da porta, que bateu forte. E logo assustou-se ainda mais ao ver o braço da menina – que já conhecia, pois havia ido ali outras vezes – sangrar.


            – Mio, o que aconteceu? – Perguntou, indo até a menina enquanto a empregada trazia algumas toalhas.
            – Caí por cima de um caco de vidro! – Mentiu, e sorriu de leve. – Sou desajeitada, mas é só um cortezinho. Yukio que insistiu para mim vir. – Explicou. – Nos esbarramos na rua.
            – E ele fez muito certo! – A mulher disse, enrolando os dois nas toalhas, e foram até a sala. – Se isso pega alguma mínima poeira, dará uma infecção horrível!


            A mãe de Yuki logo tratou de fazer um curativo e limpar o braço de Mio cuidadosamente. Era médica, então, havia bastantes recursos para fazer tal curativo dentro de sua casa. Depois disso, a mãe de Yuki, a senhora Kana, pediu para a empregada – muito simpática – fazer um café reforçado para os dois jovens, e em seguida, subiu as escadas, indo para seu quarto. Dali a alguns minutos desceu, com seu jaleco branco e impecável nos braços.


            – Vou ir trabalhar, Yuki! – Disse, e beijou a testa dos dois que estava na mesa, comendo. – E... Pode dormir aqui hoje, Mio-chan. Não seria bom voltar para casa. A empregada arrumará roupas para você!
            – Bom... Tudo bem então. E obrigada por tudo, Kana-san! – Agradeceu, sorrindo levemente. Aquela ali sim parecia uma família de verdade.


[...]

            Já Yoko estava na sua pequena e apertada “casa”. Era um quarto com um colchão de casal, duro e com roupas de cama rasgadas, dois travesseiros finos e duros, cinco pilhas de roupas perto de uma das paredes, uma estante de duas portinhas, onde havia a pouca comida que tinham, e um fogão – de chão – de uma boca, com duas panelas ao lado, porém quase nunca usados pela falta de gás. Havia um outro cômodo, separado por um tecido grosso, e lá era um banheiro pequeno com um chuveiro, um sanitário e uma pia com uma escova e uma pasta de dente em cima da mesma.
            Pegou uma roupa, e sua toalha velha, e seguiu para a casa do vizinho. Já era noite, e ele morava sozinho. Tinha cerca de 18 anos, e ajudava Yoko no que precisasse, mesmo que em troca de algo. Ela não tinha escolha, então, todos os dias acabava por dar seu corpo para o vizinho – ás vezes mais que uma vez por dia – em troca de comida e banho. Seguiu até lá, e bateu na porta, sendo recebida por Ichiru.


            – Olha, vejo que mudou de ideia... – Ele sorriu, triunfante e abriu mais a porta para a garota entrar, e assim ela fez.
            – Fiz isso só porque preciso de um banho e comida! – Justificou-se, e respirou fundo.
            – Tome seu banho, estarei lhe esperando no meu quarto. – Fechou a porta, e em seguida sumiu.


            A Hashirama tomou seu banho, e escovou os dentes. Secou-se e nem deu-se ao luxo de se vestir. Enrolada na toalha, seguiu em direção ao quarto de Ichiru, como fazia muitas vezes. Ele estava deitado, apenas com uma cueca boxer vermelha, e sorria levemente, ao ver a menina só enrolada na toalha.
            Sem o garoto precisar dizer nada, ela soltou a toalha no chão, deixando o corpo modesto e nu. Logo estava sobre a cama, abaixando lentamente a peça intima do menino de cabelos precocemente brancos. E então, simplesmente deixou-se levar, pelo que já sabia fazer tão bem. Juntos, deleitaram-se no prazer, e não falavam nada apenas resmungos e gemidos de prazer.
            Depois de tal coisa, Yoko jantou, escovou os dentes novamente e foi para sua casa dormir. Teria de acordar cedo e ir para a escola no outro dia. Já havia faltado uma semana, não poderia faltar mais, ou as coisas ficariam ruins. Estava evitando ao máximo envolver-se naquela escola, com aquelas pessoas, mas era impossível. Principalmente daqueles garotos. E para piorar – ou talvez melhorar – sua situação, Ichiru havia começado a trabalhar lá, como professor de educação física.
            Acordou na manhã seguinte, e vestiu-se com a blusa social branca de mangas curtas, a saia rodada preta, meias e sapatinhos pretos. Pegou sua bolsa da escola, sua escova de dentes, e foi até a casa do vizinho – que a levaria para a escola – para escovar os dentes. E assim fez. Logo os dois foram de carro para a escola, e chegaram cerca de quinze minutos antes de o sinal tocar.


            – Yoko... Ficou tanto tempo sem vir para a escola por que? – Perguntou Miwa. Estavam ela, Miwa, Akira e Takanori sentados conversando.
            – Alguns problemas! – Disse rapidamente, e sorriu de leve. – Nada de mais! Os professores passaram algo interessante ou que valesse nota?
            – Não, nada. – Akira disse, ajeitando a faixa, hoje branca, em seu nariz.
            – E o que é isso? – Perguntou o Takanori de modo infantil, cutucando uma das marcas roxas no pescoço da loirinha.
            – Alergia! – Disse, sem nem pensar direito, e cobriu as marcas com as mãos.
            – Alergia de que? – Miwa perguntou, rindo baixinho. Só mesmo o Matsumoto para acreditar naquela história de alergia.
            – N-Não sei! – A Hashirama corou, e olhou para o chão.
            – Eu sei o que é. – Akira disse, e sorriu de leve. – Chupões! Andou se pegando com alguém, Yoko?
            – Claro que andou! Olha só, tem alguns nas coxas também. – Disse o Masashi, rindo das bochechas coradas de Yoko. – E na barriga!
            – Ei, ei... – Akira disse, e acariciou os cabelos da loira levemente. – Anda usando camisinha pelo menos, né?
            – Claro que sim! – Deixou escapar, e em seguida, cobriu os lábios com as mãos. – D-Digo...
            – Vou ir pegar um refrigerante. – O Matsumoto disse do modo mais grosso que conseguiu, e saiu dali.


            Logo em seguida, Yoko, Miwa e Akira decidiram ir atrás de Takanori, aliás, ele estava demorando de mais. O sinal já tinha tocado, mas ele não estava na sala, e quanto entraram no ginásio, que deveria estar vazio, aliás não teria aula de educação física naquele dia, encontraram o Matsumoto e uma menina, Aika, de outra sala. Ele estava sentado na arquibancada, e Aika se mexia sobre ele, levantando e em seguida sentando novamente, e os dois gemiam alto.


            – Se a diretora pegar o Takanori por aqui fazendo isso, ele estará fudido! – Comentou Miwa, e balançou a cabeça novamente. – Depois fale com ele, Akira.
            – Para quem ia só beber um refrigerante... – O Suzuki disse, e em seguida virou as costas. – Foda-se, se quiser, fale você com ele. Não sou babá do Matsumoto!
            – Droga! Tudo eu. – Reclamou Miwa.


            Estava tão absorta, vendo a cena abismada, que escorregou e caiu no chão. Ao escutar o barulho, Takanori – que já havia terminado o que fazia com Aika – assustou-se, vendo Yoko se levantar. Fechou as calças, acenou para a ruiva e seguiu em direção a Yoko. Estendeu a mão, para ajudar a mesma á terminar de levantar, porém a mesma recusou e levantou-se, apressada.

            – Estou indo para a sala! – Anunciou e saiu dali, apressada. Obviamente não iria para a sala.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Capitulo 2 - What I Wanted to Say


“Cause all wanted to say was something real
All I want you to know is how I feel
All I wanted to give was my heart
But I’m stuck here at the start.”


“Porque tudo que eu queria te dizer era algo real
Tudo que eu quero que você saiba é como eu me sinto
Tudo que eu queria dar era meu coração
Mas estou presa aqui no começo.”



            Mio acordou sábado de manhã. O quarto em que estava era extremamente pequeno, com paredes de madeira cheias de buracos e uma janela com o vidro quebrado. Encostado em uma das paredes, havia um colchão de solteiro, fino e todo rasgado, duro. Dois travesseiros finos e rasgados, igualmente duros e sujos. Havia na parede dos pés do colchão duas pilhas de roupas, e três sapatos. E havia uma porta de madeira, que dava acesso ao banheiro. Um lugar pequeno, feito de tijolos quebrados. Havia uma pequena parte pra tomar banho, um sanitário e uma pia com um armário acima, com o espelho quebrado.
            Respirou fundo, deixando sua irmã mais velha dormindo no colchão que dividiam, e foi até ao banheiro. Deveria aproveitar o último dia de água e energia antes que viessem cortar, – coisa que aconteceria naquele mesmo dia – então tomou um longo banho quente, e lavou-se muito bem, queria estar no mínimo aceitável para poder ir na casa do Yamashita fazer o trabalho, assim como combinaram.
            Escovou os dentes, aliás, não teria nada para comer mesmo, e em seguida colocou uma lingerie, e depois procurou pela melhor roupa que tinha. Uma saia jeans desbotada e curta, e uma regata de um tecido fino e fresco, em tom lilás, e nos pés, uma rasteirinha velha. Penteou os cabelos ruivos, e em seguida, abaixou-se perto da irmã.


            – Onee-chan, irei sair... Vou ir na casa de uma amiga fazer um trabalho e provavelmente vou dormir lá. – Disse, e pegou uma de suas bolsas velhas, e colocou uma muda de roupas dentro da mesma.
            – Cuide-se no caminho, hun? – A menina de cabelos negros e olhos castanhos sentou-se, dolorida. – Ah, vejamos... – Ela mexeu no bolso do short jeans. – Aqui, leve com você. – Comentou, entregando cinco reais para a garota. – Compre algo para comer.
            – Mas... – Iria contradizer, mas viu que a irmã não estava boa para ficar discutindo, então apenas apanhou o dinheiro. – Tudo bem!


            Saiu de casa apressada, e correu até a sorveteria que havia ali por perto, a umas três quadras de distancia, onde haviam marcado de se encontrar. Paradas ali na frente, reconheceu duas meninas da sua escola. Kai, sua amiga, vestia um short jeans com detalhes rasgados, curto e desbotado, e uma blusinha tomara que caia florida, com os cabelos amarrados. E a tal de Yoko também estava ali, um tanto mais distante. Usava uma saia mais curta que a sua, e rodada, deixando as pernas pálidas e bonitas a mostra, e uma regata preta, com uma rasteirinha nos pés.


            – Mio! – Kai disse, e foi abraçar a amiga. – Nee, você teve sorte de ter ficado no grupo de Teru e de Yuki! – Comentou a de cabelos castanhos. – Eu tenho medo do Matsumoto-san, Suzuki-san e Masashi-san!
            – Oh, você tem medo de nós, então? – Uma voz rouca soou bem pertinho de seu ouvido, e ela podia sentir o calor do corpo de alguém logo atrás de si. Era o menino de faixa, Akira.
            – N-Não foi isso que eu quis dizer, Suzuki-san! – Desculpou-se, curvando o corpo numa curta reverencia. – Bom dia!
            – Bom dia. – O baixinho que estava mais atrás disse, passando as mãos de leve sobre o cabelo arrepiado.
            – Bom dia Kai, Mio. – Yuki e Teru disseram juntos, e logo respiraram fundo. – Vamos indo Mio? Yutaka já está na minha casa esperando.
            – Claro. – Concordou e virou-se para Kai. – Até logo!
            – Até! – Acenou, e cada uma foi em direções opostas, seguindo o seu grupo.


            E Yoko ficou ali, cerca de meia hora, esperando o seu grupo. E nada! Kamijo, Kouyou e Yuu davam medo nela, e por isso ela havia ficado ali, esperando-os, com medo de que mais tarde eles aparecessem e não encontrassem-na ali. Quando deu por volta de uma hora da tarde, por fim, eles apareceram. Yuu se aproximou, deixando os amigos mais atrás.


            – Está aqui desde que horas? – Perguntou, a voz seca e fria, o que fez a Hashirama tremer dos pés à cabeça.
            – S-Sete! – Disse rapidamente, e viu o moreno suspirar, balançando a cabeça negativamente. – Acho que vim cedo de mais!
            – Não... Nos desculpe pelo atraso. – Takashima se aproximou, e respirou fundo. – Yuu pegou no sono junto com Kamijo, e eu, ao invés de acordá-los, dormi também. – Explicou-se Kouyou. – Não irá acontecer novamente!
            – Não se preocupem. – Yoko sorriu de leve, e respirou fundo, passando as mãos nos cabelos. – Vamos, então?
            – Que tal tomarmos um sorvete antes de irmos? – Kimijo perguntou, olhando a hora no celular luxuoso. – Ainda é cedo!
            – Eu topo! – Yuu disse, animado. Aliás, amava sorvete.
            – Por mim tudo bem. – Concordou Kouyou, e riu de leve. – E você, Yoko?
            – Ah, tudo bem... – Balançou a cabeça positivamente, mesmo que estivesse sem dinheiro.


            Entraram na sorveteria, e logo sentaram-se em uma mesa, discutindo de como o trabalho seria feito. Kouyou geralmente ria das piadas irônicas que Kamijo fazia. Apesar de misterioso e fechado, o Yuuji era extremamente humorado, e também critico. Logo o garçom chegou até eles.


            – O que desejam? – Perguntou, sério, olhando para os quatro presentes na mesa.
            – Eu quero uma banana split. – Kamijo disse, lhando o cardápio rapidamente, e mexendo nos cabelos.
            – Sorvete de menta com chocolate, e chantili! – O Takashima disse animado, e o garçom sorriu. Kouyou sempre que ia ali pedia as mesmas coisas.
            – Sorvete de passas ao rum, e uma água mineral. – Aoi observou o cardápio por um curto momento.
            – Com ou sem gás? – Perguntou o garçom, sem retirar os olhos do bloco de papel.
            – Sem. – O moreno disse, e coçou de leve a nuca. – E você, Yoko?
– N-Nada! – Ela disse prontamente, e sorriu de leve na direção do Shiroyama. Mas sua barriga demonstrou que estava com fome.
                – Peça, eu pago! – Kamijo disse prontamente, e a menina, cedendo, procurou algo no cardápio.
            – Salada de frutas com sorvete de morango. – Pediu baixinho, levemente corada.


            Comeram lentamente, conversando sobre banalidades do dia-a-dia, e nesse meio tempo Yoko descobriu que Yuu. E ela não o julgou, aliás, gostava tanto de homens quanto de mulheres. Também descobriu que ele e o Takashima tinham um pequeno caso, que a maioria das pessoas da escola desconheciam. Ela não importava-se com aquilo, aliás, até achava o modo que os dois se tratavam fora da escola fofo.
            Por fim, seguiram caminho em direção à casa de Kamijo, que era a mais perto, e fariam o trabalho lá. Terminariam neste fim de semana, por este motivo que Yoko, Kouyou e Yuu dormiriam lá. Aproveitariam que os pais de Kamijo estavam viajando, e estava apenas ele e os empregados em casa. Pois de acordo com o Yuuji, seus pais eram chatos de mais, e odiava o fato de eles, além de chatos, serem controladores.


            – Mas e você, Yoko... Mora com quem? – Perguntou Yuu, enquanto estavam sentados a mesa grande, fazendo algumas anotações para o trabalho.
            – Eu moro praticamente sozinha. – Ela riu, amargurada. Sua mãe havia lhe largado ali assim que fez dez anos. – Mas o filho do meu vizinho me ajuda no que pode!
            – Entendi. – Yuu disse, e bocejou. – Deve ser um saco morar sozinha, acertei?
            – Por um lado, sim! – Ela sorriu e deu de ombros. – Por outro... Ninguém me impede de fazer o que quero.
            – E quais, exatamente, são os lados ruins? Nunca fiquei sozinho em casa! – Resmungou Kouyou, contrariado, e recebeu um leve selinho de Yuu no bico que havia feito.
            – No meu caso... Bom... – Pensou o que falar, aliás, não poderia contar “tudo” o que era ruim. – Não ter ninguém pra conversar, pra cuidar de mim e esse tipo de coisas.
            – Ah, hai. Entendi. – Disse, pensativo, e voltou a escrever o texto do trabalho. – Nee, Yuu...
            – Huh? – Perguntou o moreno, que rabiscava algumas coisas. – O que foi, Kou?
            – “Êxito” se usa em que sentido? – Perguntou, parecendo pensar arduamente para uma pergunta tão simples.
            – Kou, andou faltando aula de português? – Revirou os olhos, espiando o que o garoto escrevia. – No sentido de sucesso.
            – Ah, entendi. – Voltou a escrever rapidamente, tão rapidamente que apavorava Yoko.
            – Vocês já pensaram em arrumar apelidos? – Yoko perguntou, enquanto fazia os desenhos no cartaz. – Ficar se chamando pelo nome é tão... Cansativo.
            – Como o que, por exemplo? – Perguntou Kamijo, gostando da ideia.
            – Por exemplo, poderíamos abreviar Kamijo apenas para Kami. – Sorriu de leve, pegando uma folha de papel e escrevendo. – Kami, no sentido de Deus!
            – Interessante... – Kamijo analisou o que a menina falará, e realmente era interessante.
            – Hun... Yuu gosta muito de azul, por isso, Aoi. – Disse, anotando abaixo o apelido dado para o Shiroyama.
            – E Kouyou por parecer uma criança, Uruha! – Sorriu, triunfante ao ter conseguido os apelidos. – Que quer dizer algo como amável, adorável, encantador!
            – Você é boa com isso... Uke que irá gostar de tal coisa! – Yuu riu, lembrando-se que o amigo odiava que lhe chamassem de Uke. Apelidaram-no de Kai no primário, mas já estava ficando cansativo.
            – Poderiam chamá-lo de Yuta! – Pensou um pouco, voltando a desenhar no cartaz.


[...]


            Já Kai, estava na companhia de Miwa e Akira na casa espaçosa e grandiosa de Takanori. Faziam o trabalho sem falar muito, aliás, Mio continuava com medo daqueles garotos que pareciam extremamente durões e grossos, mas, ela enganava-se cruel e friamente. E teve a prova disso quando o Matsumoto entrou, saltitando no quarto, que era onde estavam.


            – Querem comer algo? Estou com fome! – Disse, ainda saltitando pelo quarto, fazendo Miwa soltar um riso baixo.
            – Esta parecendo uma bailarina, Ruki! – Comentou, e riu ainda mais. – Baixinha, pequena, delicada e feminina.
            – Feminina é o teu pau, caralho. – Ruki disse, fazendo Akira rir, mas logo lembrou-se de Kai. – Ah, desculpe pelas palavras.
            – Nee, não se preocupe. Minha mãe vive resmungando palavrões dentro de casa. – Coçou a nuca de leve, e voltou a escrever.
            – Hai hai, agora largue esse trabalho e vamos comer! – O baixinho disse, animado, tentando puxar Kai de onde estava.
            – N-Não estou com fome, Matsumoto-san! – Resmungou, fazendo um pequeno bico, mas logo notou o baixinho emburrar-se. – Ok! Comeremos, então.
            – Woah, sabia! – Ruki saiu saltitando e puxando a ruivinha pela casa, até chegarem na sala.


            Kai sentiu-se até intimidada com tamanha quantidade de comida apenas para eles quatro, ou melhor, seis, já que a mãe e o pai do baixinho logo apareceram, se juntando ao grandioso almoço. A mãe de Takanori se chamava Kimidori, tinha longos cabelos castanhos, puxados para o mel, pele pálida e olhos negros. E o pai de Takanori era o senhor Akai, seus cabelos eram pretos e olhos chocolates. E logo apareceu mais uma menina, cabelos negros e olhos verdes, seu nome era Yui, irmã do Matsumoto.


            – Ru-kun! – Chamou a baixinha, que devia ter cerca de seus oito anos de idade. – Ela é sua namorada? – Perguntou com os olhos brilhando enquanto apontava para a Namae.
            – Mãe... Olha o que a Yui fica falando! – Takanori disse, olhando de modo implorativo para sua mãe.
            – Mas Ruki, Kai é tão bonitinha... Eu também estava curiosa para saber isso! – Resmungou manhosa a senhora Kimidori, este lado Ruki puxará a mãe, obviamente.
            – Ah, obrigada pelo elogio, senhora Matsumoto. – Disse educadamente, sorrindo e levemente corada.
            – Nee Ru-kun! – A menininha, Yui, ditou, irritada.
            – O que foi, Yui? – Perguntou Takanori, já estressado com a irmã mais nova. Estava pagando o maior mico da história.
            – Case-se com Kai! – Disse, animada enquanto remexia-se na cadeira.
            – Yui! – Repreendeu o Matsumoto. – Eu e Kai nos conhecemos segunda, não podemos casar!
            – Mas logo vão poder. – Incentivou Kimidori, rindo das bochechas coradas de Kai e Takanori.


[...]


            Já Mio, Teru, Yuki e Yutaka mais riam, comiam e se divertiam do que faziam o trabalho. De fato, Kai agradeceu por ter ficado naquele grupo, já que eram os únicos que conhecia – mesmo não conhecendo Yutaka antes – e achava-os extremamente legais, o que fazia a menina animar-se com a ideia de seus primeiros amigos na escola.


            – Nee, Yutaka-san! – Chamou Mio, enquanto estavam sentados em um circulo, na sala, conversando. – Por que não gosta de ser chamado de “Uke”?
            – Mio, Mio... Você é realmente muito inocente. – Yuki disse, e riu baixinho, deixando a menininha confusa.
            – Uke é um termo usado para o passivo, em relações. No primário, aconteceu de Yutaka sem querer receber um beijo de um garoto, e começaram a chamá-lo de Uke no sentido malicioso, por causa disso. – Explicou Teru, entre risos baixinhos.
            – Woah... Entendi! – Sorriu, e em seguida Teru e Yuki se levantaram, indo no quarto buscar as coisas para o trabalho. – Yutaka-san, você já recebeu beijo de um menino, né? É bom?
            – Quer sentir como é, Mio? – Perguntou, e ficou ajoelhado na frente da garota, que estava sentadinha no chão e encostada no sofá.
            – Hai! – Disse, e logo sentiu o moreninho de covinhas se aproximar.


            Ele tocou os lábios macios e gostosos no dela. Tinham gosto de maçã verde, anotou ela em pensamento. Logo sentiu o garoto mover os lábios sobre os seus, e a língua contorná-los, e ela então, imaginou que deveria fazer – e como relataram várias vezes à ela – abriu os lábios, deixando a língua dele passar para dentro de sua boca. Era macia, e dava uma sensação parecida com cócegas, mas não chegava a ser isso. O beijo aprofundou-se, e ele movia a língua sobre a dela, que arriscava algumas vezes mover a sua, mesmo que de modo desajeitado. E logo se afastaram, com Mio levemente corada e Yutaka sorrindo.


            – E então, é bom, Mio-chan? – Perguntou, com uma voz em um tom totalmente diferente, sussurrado.
            – Muito! – Sorriu, levemente, e assim que ouviu passos o garoto se afastou, sentando. – Tem gosto de maçã verde e é quente!
            – Ah, sério? – Uke corou levemente, e coçou a nuca, sorrindo.
            – O que tem gosto de maçã verde? Eu quero! – Teru apareceu, com as cartolinas em mão e sentou-se. – Diz, eu quero!
            – Não pode! Vá comer uma maçã verde, se quer sentir gosto de maçã verde. – Disse o Yutaka, corado.
            – Malvado! – Resmungou Teru, emburrado e logo começaram a fazer o trabalho.


            Malditos gostos de maçã verde e saliva quente, deliciosos, que não saiam de sua boca por nada que fizesse. Ah sim, maldito beijo de Yutaka!



Notas Da Autora:


Mais um capitulo. *-* Shipper indefinido, ainda. Mas o primeiro beijo da fanfic - e da Kai - aconteceu. *-* Omg, acho que eu adoraria ser beijada pelo Uke. *-* Aliás, não chamarei o Yutaka de Kai, porque se não vai ficar muito "Kai" e eu vou me perder. u_u Obrigada a Saki Ryuugu por seguir o blog. <33 Até mais. Fui reler o capitulo, e vi que tinha alguns erros, e vi que acabei mudando Mio e Kai, destroquei agora. u_u UAHSAHS'