segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Capitulo 2 - What I Wanted to Say


“Cause all wanted to say was something real
All I want you to know is how I feel
All I wanted to give was my heart
But I’m stuck here at the start.”


“Porque tudo que eu queria te dizer era algo real
Tudo que eu quero que você saiba é como eu me sinto
Tudo que eu queria dar era meu coração
Mas estou presa aqui no começo.”



            Mio acordou sábado de manhã. O quarto em que estava era extremamente pequeno, com paredes de madeira cheias de buracos e uma janela com o vidro quebrado. Encostado em uma das paredes, havia um colchão de solteiro, fino e todo rasgado, duro. Dois travesseiros finos e rasgados, igualmente duros e sujos. Havia na parede dos pés do colchão duas pilhas de roupas, e três sapatos. E havia uma porta de madeira, que dava acesso ao banheiro. Um lugar pequeno, feito de tijolos quebrados. Havia uma pequena parte pra tomar banho, um sanitário e uma pia com um armário acima, com o espelho quebrado.
            Respirou fundo, deixando sua irmã mais velha dormindo no colchão que dividiam, e foi até ao banheiro. Deveria aproveitar o último dia de água e energia antes que viessem cortar, – coisa que aconteceria naquele mesmo dia – então tomou um longo banho quente, e lavou-se muito bem, queria estar no mínimo aceitável para poder ir na casa do Yamashita fazer o trabalho, assim como combinaram.
            Escovou os dentes, aliás, não teria nada para comer mesmo, e em seguida colocou uma lingerie, e depois procurou pela melhor roupa que tinha. Uma saia jeans desbotada e curta, e uma regata de um tecido fino e fresco, em tom lilás, e nos pés, uma rasteirinha velha. Penteou os cabelos ruivos, e em seguida, abaixou-se perto da irmã.


            – Onee-chan, irei sair... Vou ir na casa de uma amiga fazer um trabalho e provavelmente vou dormir lá. – Disse, e pegou uma de suas bolsas velhas, e colocou uma muda de roupas dentro da mesma.
            – Cuide-se no caminho, hun? – A menina de cabelos negros e olhos castanhos sentou-se, dolorida. – Ah, vejamos... – Ela mexeu no bolso do short jeans. – Aqui, leve com você. – Comentou, entregando cinco reais para a garota. – Compre algo para comer.
            – Mas... – Iria contradizer, mas viu que a irmã não estava boa para ficar discutindo, então apenas apanhou o dinheiro. – Tudo bem!


            Saiu de casa apressada, e correu até a sorveteria que havia ali por perto, a umas três quadras de distancia, onde haviam marcado de se encontrar. Paradas ali na frente, reconheceu duas meninas da sua escola. Kai, sua amiga, vestia um short jeans com detalhes rasgados, curto e desbotado, e uma blusinha tomara que caia florida, com os cabelos amarrados. E a tal de Yoko também estava ali, um tanto mais distante. Usava uma saia mais curta que a sua, e rodada, deixando as pernas pálidas e bonitas a mostra, e uma regata preta, com uma rasteirinha nos pés.


            – Mio! – Kai disse, e foi abraçar a amiga. – Nee, você teve sorte de ter ficado no grupo de Teru e de Yuki! – Comentou a de cabelos castanhos. – Eu tenho medo do Matsumoto-san, Suzuki-san e Masashi-san!
            – Oh, você tem medo de nós, então? – Uma voz rouca soou bem pertinho de seu ouvido, e ela podia sentir o calor do corpo de alguém logo atrás de si. Era o menino de faixa, Akira.
            – N-Não foi isso que eu quis dizer, Suzuki-san! – Desculpou-se, curvando o corpo numa curta reverencia. – Bom dia!
            – Bom dia. – O baixinho que estava mais atrás disse, passando as mãos de leve sobre o cabelo arrepiado.
            – Bom dia Kai, Mio. – Yuki e Teru disseram juntos, e logo respiraram fundo. – Vamos indo Mio? Yutaka já está na minha casa esperando.
            – Claro. – Concordou e virou-se para Kai. – Até logo!
            – Até! – Acenou, e cada uma foi em direções opostas, seguindo o seu grupo.


            E Yoko ficou ali, cerca de meia hora, esperando o seu grupo. E nada! Kamijo, Kouyou e Yuu davam medo nela, e por isso ela havia ficado ali, esperando-os, com medo de que mais tarde eles aparecessem e não encontrassem-na ali. Quando deu por volta de uma hora da tarde, por fim, eles apareceram. Yuu se aproximou, deixando os amigos mais atrás.


            – Está aqui desde que horas? – Perguntou, a voz seca e fria, o que fez a Hashirama tremer dos pés à cabeça.
            – S-Sete! – Disse rapidamente, e viu o moreno suspirar, balançando a cabeça negativamente. – Acho que vim cedo de mais!
            – Não... Nos desculpe pelo atraso. – Takashima se aproximou, e respirou fundo. – Yuu pegou no sono junto com Kamijo, e eu, ao invés de acordá-los, dormi também. – Explicou-se Kouyou. – Não irá acontecer novamente!
            – Não se preocupem. – Yoko sorriu de leve, e respirou fundo, passando as mãos nos cabelos. – Vamos, então?
            – Que tal tomarmos um sorvete antes de irmos? – Kimijo perguntou, olhando a hora no celular luxuoso. – Ainda é cedo!
            – Eu topo! – Yuu disse, animado. Aliás, amava sorvete.
            – Por mim tudo bem. – Concordou Kouyou, e riu de leve. – E você, Yoko?
            – Ah, tudo bem... – Balançou a cabeça positivamente, mesmo que estivesse sem dinheiro.


            Entraram na sorveteria, e logo sentaram-se em uma mesa, discutindo de como o trabalho seria feito. Kouyou geralmente ria das piadas irônicas que Kamijo fazia. Apesar de misterioso e fechado, o Yuuji era extremamente humorado, e também critico. Logo o garçom chegou até eles.


            – O que desejam? – Perguntou, sério, olhando para os quatro presentes na mesa.
            – Eu quero uma banana split. – Kamijo disse, lhando o cardápio rapidamente, e mexendo nos cabelos.
            – Sorvete de menta com chocolate, e chantili! – O Takashima disse animado, e o garçom sorriu. Kouyou sempre que ia ali pedia as mesmas coisas.
            – Sorvete de passas ao rum, e uma água mineral. – Aoi observou o cardápio por um curto momento.
            – Com ou sem gás? – Perguntou o garçom, sem retirar os olhos do bloco de papel.
            – Sem. – O moreno disse, e coçou de leve a nuca. – E você, Yoko?
– N-Nada! – Ela disse prontamente, e sorriu de leve na direção do Shiroyama. Mas sua barriga demonstrou que estava com fome.
                – Peça, eu pago! – Kamijo disse prontamente, e a menina, cedendo, procurou algo no cardápio.
            – Salada de frutas com sorvete de morango. – Pediu baixinho, levemente corada.


            Comeram lentamente, conversando sobre banalidades do dia-a-dia, e nesse meio tempo Yoko descobriu que Yuu. E ela não o julgou, aliás, gostava tanto de homens quanto de mulheres. Também descobriu que ele e o Takashima tinham um pequeno caso, que a maioria das pessoas da escola desconheciam. Ela não importava-se com aquilo, aliás, até achava o modo que os dois se tratavam fora da escola fofo.
            Por fim, seguiram caminho em direção à casa de Kamijo, que era a mais perto, e fariam o trabalho lá. Terminariam neste fim de semana, por este motivo que Yoko, Kouyou e Yuu dormiriam lá. Aproveitariam que os pais de Kamijo estavam viajando, e estava apenas ele e os empregados em casa. Pois de acordo com o Yuuji, seus pais eram chatos de mais, e odiava o fato de eles, além de chatos, serem controladores.


            – Mas e você, Yoko... Mora com quem? – Perguntou Yuu, enquanto estavam sentados a mesa grande, fazendo algumas anotações para o trabalho.
            – Eu moro praticamente sozinha. – Ela riu, amargurada. Sua mãe havia lhe largado ali assim que fez dez anos. – Mas o filho do meu vizinho me ajuda no que pode!
            – Entendi. – Yuu disse, e bocejou. – Deve ser um saco morar sozinha, acertei?
            – Por um lado, sim! – Ela sorriu e deu de ombros. – Por outro... Ninguém me impede de fazer o que quero.
            – E quais, exatamente, são os lados ruins? Nunca fiquei sozinho em casa! – Resmungou Kouyou, contrariado, e recebeu um leve selinho de Yuu no bico que havia feito.
            – No meu caso... Bom... – Pensou o que falar, aliás, não poderia contar “tudo” o que era ruim. – Não ter ninguém pra conversar, pra cuidar de mim e esse tipo de coisas.
            – Ah, hai. Entendi. – Disse, pensativo, e voltou a escrever o texto do trabalho. – Nee, Yuu...
            – Huh? – Perguntou o moreno, que rabiscava algumas coisas. – O que foi, Kou?
            – “Êxito” se usa em que sentido? – Perguntou, parecendo pensar arduamente para uma pergunta tão simples.
            – Kou, andou faltando aula de português? – Revirou os olhos, espiando o que o garoto escrevia. – No sentido de sucesso.
            – Ah, entendi. – Voltou a escrever rapidamente, tão rapidamente que apavorava Yoko.
            – Vocês já pensaram em arrumar apelidos? – Yoko perguntou, enquanto fazia os desenhos no cartaz. – Ficar se chamando pelo nome é tão... Cansativo.
            – Como o que, por exemplo? – Perguntou Kamijo, gostando da ideia.
            – Por exemplo, poderíamos abreviar Kamijo apenas para Kami. – Sorriu de leve, pegando uma folha de papel e escrevendo. – Kami, no sentido de Deus!
            – Interessante... – Kamijo analisou o que a menina falará, e realmente era interessante.
            – Hun... Yuu gosta muito de azul, por isso, Aoi. – Disse, anotando abaixo o apelido dado para o Shiroyama.
            – E Kouyou por parecer uma criança, Uruha! – Sorriu, triunfante ao ter conseguido os apelidos. – Que quer dizer algo como amável, adorável, encantador!
            – Você é boa com isso... Uke que irá gostar de tal coisa! – Yuu riu, lembrando-se que o amigo odiava que lhe chamassem de Uke. Apelidaram-no de Kai no primário, mas já estava ficando cansativo.
            – Poderiam chamá-lo de Yuta! – Pensou um pouco, voltando a desenhar no cartaz.


[...]


            Já Kai, estava na companhia de Miwa e Akira na casa espaçosa e grandiosa de Takanori. Faziam o trabalho sem falar muito, aliás, Mio continuava com medo daqueles garotos que pareciam extremamente durões e grossos, mas, ela enganava-se cruel e friamente. E teve a prova disso quando o Matsumoto entrou, saltitando no quarto, que era onde estavam.


            – Querem comer algo? Estou com fome! – Disse, ainda saltitando pelo quarto, fazendo Miwa soltar um riso baixo.
            – Esta parecendo uma bailarina, Ruki! – Comentou, e riu ainda mais. – Baixinha, pequena, delicada e feminina.
            – Feminina é o teu pau, caralho. – Ruki disse, fazendo Akira rir, mas logo lembrou-se de Kai. – Ah, desculpe pelas palavras.
            – Nee, não se preocupe. Minha mãe vive resmungando palavrões dentro de casa. – Coçou a nuca de leve, e voltou a escrever.
            – Hai hai, agora largue esse trabalho e vamos comer! – O baixinho disse, animado, tentando puxar Kai de onde estava.
            – N-Não estou com fome, Matsumoto-san! – Resmungou, fazendo um pequeno bico, mas logo notou o baixinho emburrar-se. – Ok! Comeremos, então.
            – Woah, sabia! – Ruki saiu saltitando e puxando a ruivinha pela casa, até chegarem na sala.


            Kai sentiu-se até intimidada com tamanha quantidade de comida apenas para eles quatro, ou melhor, seis, já que a mãe e o pai do baixinho logo apareceram, se juntando ao grandioso almoço. A mãe de Takanori se chamava Kimidori, tinha longos cabelos castanhos, puxados para o mel, pele pálida e olhos negros. E o pai de Takanori era o senhor Akai, seus cabelos eram pretos e olhos chocolates. E logo apareceu mais uma menina, cabelos negros e olhos verdes, seu nome era Yui, irmã do Matsumoto.


            – Ru-kun! – Chamou a baixinha, que devia ter cerca de seus oito anos de idade. – Ela é sua namorada? – Perguntou com os olhos brilhando enquanto apontava para a Namae.
            – Mãe... Olha o que a Yui fica falando! – Takanori disse, olhando de modo implorativo para sua mãe.
            – Mas Ruki, Kai é tão bonitinha... Eu também estava curiosa para saber isso! – Resmungou manhosa a senhora Kimidori, este lado Ruki puxará a mãe, obviamente.
            – Ah, obrigada pelo elogio, senhora Matsumoto. – Disse educadamente, sorrindo e levemente corada.
            – Nee Ru-kun! – A menininha, Yui, ditou, irritada.
            – O que foi, Yui? – Perguntou Takanori, já estressado com a irmã mais nova. Estava pagando o maior mico da história.
            – Case-se com Kai! – Disse, animada enquanto remexia-se na cadeira.
            – Yui! – Repreendeu o Matsumoto. – Eu e Kai nos conhecemos segunda, não podemos casar!
            – Mas logo vão poder. – Incentivou Kimidori, rindo das bochechas coradas de Kai e Takanori.


[...]


            Já Mio, Teru, Yuki e Yutaka mais riam, comiam e se divertiam do que faziam o trabalho. De fato, Kai agradeceu por ter ficado naquele grupo, já que eram os únicos que conhecia – mesmo não conhecendo Yutaka antes – e achava-os extremamente legais, o que fazia a menina animar-se com a ideia de seus primeiros amigos na escola.


            – Nee, Yutaka-san! – Chamou Mio, enquanto estavam sentados em um circulo, na sala, conversando. – Por que não gosta de ser chamado de “Uke”?
            – Mio, Mio... Você é realmente muito inocente. – Yuki disse, e riu baixinho, deixando a menininha confusa.
            – Uke é um termo usado para o passivo, em relações. No primário, aconteceu de Yutaka sem querer receber um beijo de um garoto, e começaram a chamá-lo de Uke no sentido malicioso, por causa disso. – Explicou Teru, entre risos baixinhos.
            – Woah... Entendi! – Sorriu, e em seguida Teru e Yuki se levantaram, indo no quarto buscar as coisas para o trabalho. – Yutaka-san, você já recebeu beijo de um menino, né? É bom?
            – Quer sentir como é, Mio? – Perguntou, e ficou ajoelhado na frente da garota, que estava sentadinha no chão e encostada no sofá.
            – Hai! – Disse, e logo sentiu o moreninho de covinhas se aproximar.


            Ele tocou os lábios macios e gostosos no dela. Tinham gosto de maçã verde, anotou ela em pensamento. Logo sentiu o garoto mover os lábios sobre os seus, e a língua contorná-los, e ela então, imaginou que deveria fazer – e como relataram várias vezes à ela – abriu os lábios, deixando a língua dele passar para dentro de sua boca. Era macia, e dava uma sensação parecida com cócegas, mas não chegava a ser isso. O beijo aprofundou-se, e ele movia a língua sobre a dela, que arriscava algumas vezes mover a sua, mesmo que de modo desajeitado. E logo se afastaram, com Mio levemente corada e Yutaka sorrindo.


            – E então, é bom, Mio-chan? – Perguntou, com uma voz em um tom totalmente diferente, sussurrado.
            – Muito! – Sorriu, levemente, e assim que ouviu passos o garoto se afastou, sentando. – Tem gosto de maçã verde e é quente!
            – Ah, sério? – Uke corou levemente, e coçou a nuca, sorrindo.
            – O que tem gosto de maçã verde? Eu quero! – Teru apareceu, com as cartolinas em mão e sentou-se. – Diz, eu quero!
            – Não pode! Vá comer uma maçã verde, se quer sentir gosto de maçã verde. – Disse o Yutaka, corado.
            – Malvado! – Resmungou Teru, emburrado e logo começaram a fazer o trabalho.


            Malditos gostos de maçã verde e saliva quente, deliciosos, que não saiam de sua boca por nada que fizesse. Ah sim, maldito beijo de Yutaka!



Notas Da Autora:


Mais um capitulo. *-* Shipper indefinido, ainda. Mas o primeiro beijo da fanfic - e da Kai - aconteceu. *-* Omg, acho que eu adoraria ser beijada pelo Uke. *-* Aliás, não chamarei o Yutaka de Kai, porque se não vai ficar muito "Kai" e eu vou me perder. u_u Obrigada a Saki Ryuugu por seguir o blog. <33 Até mais. Fui reler o capitulo, e vi que tinha alguns erros, e vi que acabei mudando Mio e Kai, destroquei agora. u_u UAHSAHS'

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Capitulo 1 - A Thousand Years


“Heart beats fast
Colors and promises
How to brave
How can I love when I’m afraid to fall?
But watching you stand alone
All of my doubt suddenly goes away somehow
One step closer.”

“O coração bate depressa
Cores e promessas
Como ser corajosa
Como posso amar quando estou com medo de cair?
Mas vendo você sozinho
Todas minhas duvidas de repente vão embora de alguma forma
Um passo mais perto.”



            Kai acordou com o barulho de seu despertador velho e empoeirado. Encontrava-se em um quarto pequeno, pequeno não... Minúsculo! Dormia em uma cama de ferro, com um colchão de solteiro bem fino e duro, um travesseiro do mesmo estado, e com roupas de cama rasgados. Havia um banquinho de madeira ao lado da cama, onde se encontravam um despertador velho de metal, e dois reais –o único dinheiro que possuíam aquele momento. Ao chão do quarto, tinha um outro colchão, também fino, velho, sujo e duro, e com um travesseiro no mesmo estado, e sem roupas de cama, era a cama que sua mãe dormia. Na parede debilitada e de madeira, havia uma pequena “estante” com quatro prateleiras, de plástico, com algumas poucas roupas.
            Levantou-se da cama, sentindo a dor em suas costas pelo desconforto, como em todas as manhãs. Desligou o despertador e abriu a janela do quarto, deixando o sol entrar –mesmo que ele entrasse de qualquer jeito pelos diversos buracos da parede. Respirou fundo. Usava uma simples blusa branca com diversas manchas amarelas, e um short largo do mesmo tom e manchado. Descalça, seguiu para fora do pequeno quarto, e foi ao segundo –e penúltimo- cômodo da casa.
            Era uma espécie de cozinha. Tinha uma bancada, caindo aos pedaços, e praticamente vazia –a não ser por algumas poucas panelas e pratos- e algumas gavetas com poucos talheres. Um fogão –nunca mais ligado, pela falta de gás- e uma geladeira, sem nada dentro a não ser água dentro de uma garrafa velha de refrigerante. E apenas estava ligada, pois todo o dinheiro que recebiam –cerca de 100 reais por mês- servia para pagar a conta de luz e água, e elas gastavam o mínimo possível. Havia por ultimo, um armário acima da bancada, também caindo aos pedaços, era onde deveria haver comida, mas nada tinha ali a não ser um pacote vazio de pão velho.
            Respirou fundo, ao ver a mãe na janela que havia ali, olhando para o nada, e seguiu para o banheiro. Despiu-se, e assim que fora ligar o chuveiro, a água simplesmente não caiu. Indignada, a Namae colocou novamente suas roupas, e tentou ligar a pia do simples banheiro, mas nada de água! Seguiu para a cozinha, desesperada.


            – Mãe... Não tem água! – Disse Kai, parada atrás da mãe, a um pouco de distância. – É o primeiro dia na minha nova escola, não posso ir sem tomar banho e nem escovar os dentes.
            – Hanako-san disse que você pode usar o banheiro dela, querida. – Nanae Ayana, mãe de Kai, disse, virando-se para a filha. – Desculpe, o dinheiro deste mês ainda não entrou!
            – Tudo bem. – Respirou fundo, e voltou ao banheiro, pegando sua toalha dura e rasgada, e sua escova de dente velha. – Volto logo!
            – Não demore muito no banho, Kai. – Alertou sua mãe, antes de a mesma passar pela porta. – Hanako-san tem sido muito gentil conosco, mas não podemos abusar.


            Kai saiu de dentro da casa pequena e simples, com a pintura azul toda descascada e de aparência horrível. Passou pelo jardim mal cuidado e pequeno, abriu o portão de ferro enferrujado, e saiu. Foi até a casa da vizinha, que não era rica, porém ajudava-as em algumas coisas que podia. Com receio, a Namae viu que Hanako já esperava-a no portão, com um sorriso doce nos lábios.


            – Kai-chan! Ah garota, está tão linda... – Disse, fitando os cabelos não tão longos e castanhos da menina, e os olhos grandes e azuis, de pele pálida.
            – Hanako-san, obrigada por me deixar usar seu banheiro! – Disse, sentindo o beijo da morena em sua testa. Hanako não era japonesa, como ela. Tinha pele escura, cabelos cacheados e castanhos escuros, muito bonitos e olhos negros. – Prometo que será rápido.
            – Que isso, garota... – Hanako riu, e as duas entraram. Hanako realmente gostava de Kai, e davam-se muito bem juntas. – Pode demorar o tempo que quiser! Aliás, você já comeu?
            – Ah, eu comi ontem de noite, antes de dormir! – Disse, com um sorriso contente em seus lábios, e entrando na casa da mulher.
            – Não pode ir pra escola sem comer! Irei arrumar um café para você... – Disse, enquanto ia para a cozinha, e Kai seguia para o banheiro.


            Kai entrou no banheiro, e tomou o banho mais rápido que conseguiu, com direito a água quente, xampu, condicionador e sabonete cheiroso. Em seguida, escovou os dentes, e vestiu a roupa que havia levado para vestir e ir para a escola: Uma blusa de mangas longas preta, uma calça jeans surrada e rasgada, um blusão de lã amarelo e grande, aliás, estava frio. E nos pés, o tênis velho e em mal estado.
            Pegou suas roupas sujas e sua toalha, e saiu do banheiro timidamente, tendo remorso de ter demorado de mais no banho. Mesmo que Hanako não parecesse se incomodar com aquilo, ela tinha extrema vergonha. Largou suas roupas sobre o sofá, cuidadosamente, como Hanako lhe indicara, e fora para a mesa da cozinha, onde tinham algumas coisas como pão, chá e frutas.


            – Itadakimasu! – Disse baixinho e sorrindo de orelha a orelha. Fazia tempo que não comia nada além de pão velho.


            Hanako olhava admirada a menina, tão jovem –de apenas 13 anos- comer com tamanha admiração a comida, como se fosse algo raro. E na verdade, era algo raro mesmo, Hanako sabia disso. Ela adorava ajudar a Namae, e realmente não importava-se de a menina comer ali, tomar banho e as vezes até mesmo dormir e assistir televisão ali. Por sua habilidade com pianos, a Namae acabou por ganhar uma bolsa de estudos completa –com direito aos livros- numa das escolas mais famosas do Japão.
            Após a mais nova comer comer, Hanako fez um bento¹, e entregou para a menina. E também, ficou com as roupas sujas da mesma para lavar. Kai voltou para casa, e mostrou orgulhosa para sua mãe o bento que havia ganhado. E por fim, pegou sua bolsa, que a escola dava, certificando-se de que o singelo caderno, e suas canetas estavam ali, então, acomodou o potinho dentro, e seguiu para a cozinha novamente.


            – Mãe, eu vou indo, ou irei me atrasar! – Disse Kai, e beijou o rosto de sua mãe carinhosamente. – Não se estresse tanto, e descanse.
            – E você, boa sorte na nova escola, faça bastantes amigos, comporte-se e se cuide no caminho. – Alertou a mais velha, acompanhando a filha até o portão de casa.


[...]


            Estava sentada, sentindo-se um lixo em meio aqueles alunos ricos, que se achavam os maiorais apenas por terem mais dinheiro. Mas de que adiantava dinheiro, se não tinham inteligência? Seu nome era Kouchi Mio, seus cabelos eram ruivos naturais, ondulados, seus olhos eram verdes e seu corpo era normal para sua idade. Usava uma blusinha branca surrada, moletom cinza por cima, e calças largas e surradas do mesmo tom, com chinelos nos pés.
            Estava cansada de estar rodeada por diversas pessoas idiotas, que achavam que o dinheiro comprava tudo. A jovem Kouchi então, tornou seu olhar para o imenso portão da escola, e lá entrava uma menina tão desajeitada quanto si, e vestida não tão bem quanto aos outros. Seus cabelos eram castanhos, lisos e desalinhados, olhos azuis. Ela parecia constrangida de estar ali, e aos poucos, a garota se aproximou. Parando perto do banco em que Mio estava sentada.


            – Posso me sentar aqui? – Pediu, com as bochechas avermelhadas. Coisa que Mio achou muito fofo.
            – Sinta-se a vontade! – A ruivinha disse, animada, e afastou sua bolsa para o outro lado, dando espaço para Kai sentar. – Qual seu nome?
            – Eu sou Namae Kai! – Disse, animada, enquanto via alguns olhares tortos em sua direção e da nova amiga. – E você, como se chama?
            – Mio! – Sorriu carinhosamente. – Kouchi Mio!
            – Olha... Não sabia que haviam aberto a escola para animais entrarem! – Disse uma menina mais velha. Seus cabelos eram loiros e longos, os olhos grandes e pretos, e seu corpo era farto.
            – E eu não sabia que uma escola tão requintada por ser uma das melhores do Japão, e até do mundo, teriam pessoas que julgam deste modo! – Uma voz forte e masculina ditou. Seus cabelos eram castanhos, lisos e grandes, em um penteado de visual kei. E seus olhos, eram claros.
            – Yuki? – A menina loira perguntou, assustada, virando-se para o garoto. – N-Não foi isso que eu quis dizer... Eu juro! Iria fazer amizade com elas...
            – Mas disse, Solar! – O menino parecia extremamente irritado. Respirou fundo. – Suma da minha frente!


            A loira pareceu obedecer imediatamente ao que o tal Yuki disse. Ele estava muito bem posto em uma calça jeans justa e clara, blusa de mangas longas branca, impecável, com gola em vê. Ao lado deste, havia um outro garoto. Seus cabelos eram grandes, e arrepiados, também em um estilo kei. Todo em tom de cinza, exceto pela parte da frente, onde havia uma mecha preta na franja. Ele usava uma calça jeans preta, justa. Blusa de mangas curtas do mesmo tom, e jaqueta de couro por cima.


            – Quais são seus nomes? – Perguntou o de cabelos acinzentados. Seu ar não era de superioridade, e sim, de indiferença.
            – E-Eu sou Kouchi Mio! – A ruiva disse, apressada e assustada. E um tanto quanto abismada pela beleza dos meninos. Porém Kai não conseguia mover-se e nem dizer algo.
            – E a senhorita? – Yuki abaixou-se, tocando de leve o queixo de Kai, que apareceu finalmente acordar.
            – Namae Kai! – Respondeu, vendo Yuki voltar a se levantar.
            – Prazer em conhecê-las! – Disse o de cabelos castanhos. – Eu sou Yukio. Mas podem me chamar de Yuki!
            – E eu sou Teruaki Yamashita. – Disse o outro, dando um sorriso de lado encantador. – Qualquer coisa não hesitem em nos chamar!


            Logo os dois saíram dali. Deixando uma confusa Mio e uma corada Kai para trás. Mas logo, todas as atenções foram para o portão de entrada. Havia um homem alto, de cabelos loiros oxigenados e a parte de trás preta, com uma franja e a parte de cima arrepiada. Sua pele era pálida, os lábios brilhosos, olhos castanhos e usava uma faixa preta no nariz. Usava calça jeans justa e preta, cinto com taxas, coturno nos pés, uma regata branca e por cima uma jaqueta de couro. Ele dava medo...
            Ao seu lado, um garoto esguio, pele tão pálida quanto ao de faixa. Olhos mel, e cabelos do mesmo tom, arrepiados. Usava uma blusa vermelha, e uma calça jeans clara e justa, ressaltando as coxas bonitas dele. E ao seu lado, um moreno um tanto mais baixo, com cabelos longos –até abaixo das orelhas– e lisos, olhos escuros, lábios grossos e pele clarinha.
            Mais atrás, estava um que era mais baixo. Ele sorria animado, deixando a mostra as covinhas. Seus cabelos eram negros, com uma franja, olhos negros, e assim como os outros, usava uma maquiagem escura. Blusa social branca, colete preto e calça jeans do mesmo tom.
            E não tardou para o sinal tocar, e logo todos entraram. A surpresa delas, foram duas: Descobrir que as carteiras eram em duplas –nunca haviam visto aquele tipo de carteiras, a não ser em filmes– e os garotos –tanto os que protegeram-nas quanto os que entraram depois– eram de sua sala. Por fim, sentaram-se logo atrás da mesa de Teruki e Yukio. Logo o professor entrou.


            – Para não atrasarmos a aula, vamos sem enrolar nos apresentar logo! – Disse apressado, enquanto largava suas coisas nas mesas.
            – Suzuki Akira, porém podem me chamar de Reita, tenho 14 anos. –  Disse o loiro de faixa, e logo voltou a sentar-se. O menino sentado com ele fez o mesmo.
            – Eu sou Uke Yutaka, mas prefiro que me chamem de Kai. E tenho 13 anos. – Ditou o menino das covinhas, voltando a sentar-se.
            – Eu sou Shiroyama Yuu. Porém, prefiro Aoi. – Disse, sorrindo de lado com os lábios grossos e com piercing. – Tenho 14.
            – Takashima Kouyou, ou Uruha, como preferirem. – O de cabelos e olhos mel disse, e logo sentou-se. – Tenho 13 anos.
            – Eu me chamo Yuuji Kamijo, tenho 15 anos! – Disse o garoto de cabelos um tanto longos de mais, cacheados, e olhos mel.
            – Eu sou Miwa Masashi, tenho 14 anos. – Um garoto de cabelos lisos, pretos e olhos claros ditou. Ele era extremamente bonito.
            – Teruaki Yamashita, mas podem me chamar de Teru. 15. – Disse, sem delongas e nem importando-se em ser mais educado.
            – Yukio, ou Yuki, como preferirem. 13 anos. – O garoto disse, e virou-se para trás, apenas para ver as meninas, tímidas, se apresentarem.
            – E-Eu sou Kouchi Mio. – A ruiva disse, e logo desviou o olhar daqueles que lhe olhavam com nojo. – 14 anos! – E sentou-se novamente.
            – Namae Kai, tenho 13 anos. – E logo a menina de cabelos castanhos afundou-se em sua cadeira, completamente corada.


            A porta se abriu, e duas pessoas passaram por esta após a autorização do professor. Uma delas era uma menina, parecida até de mais com Solar, mas não era ela. Seus cabelos eram loiros oxigenados, com algumas ondas, e uma franja na testa, olhos grandes e pretos, pele pálida, e lábios vermelhos. E pelas suas roupas, ela também parecia ser uma bolsista. E o outro era um menino baixo, cabelos loiros oxigenados, arrepiados e com uma franja, estilo visual kei, olhos claros. Usava um moletom branco, escrito algo sobre rock em letras vermelhas e calça jeans justa e preta.


            – Atrasado, senhor Matsumoto Takanori!? – O professor respirou fundo, e balançou a cabeça negativamente. – Sentem-se já, e se apresentem!
            – Matsumoto Takanori, tenho 15 anos. – Disse o baixinho. Sem delongas e em seguida sentou-se.
            – Eu sou Hashirama Yoko e tenho 14 anos. – A loira disse e voltou a sentar-se, respirando fundo.
            – Ei, Taka... – Alguém gritou, era Solar. – Qual é sua relação com essa macaca do seu lado? Vocês até entraram juntos.
            – Só porque chegamos atrasados e no mesmo horário, temos que ser algo? – Resmungou o Matsumoto, revirando os olhos. – Francamente Solar, vai se fuder.
            – Calados! E senhorita Parks, não se apresenta por quê? – O professor questionou, curioso.
            – Meu nome é Solar Parks, tenho 16 anos! – Disse, parecendo estar orgulhosa de ter aquela idade, e ainda estar no ultimo ano do fundamental.
            – Sou Cecília Di’Amonds, tenho 17 anos. – Uma menina de cabelos ruivos e olhos azuis ditou, e voltou a sentar-se.
            – Eu sou Cassandra Mirellis. Tenho 14 anos. – Disse uma morena de olhos castanhos, com um intenso ar de sedução.
            – Kaito Shiori, 13 anos. – O menino de cabelos curtos e vermelhos, com olhos azuis disse.
            – Pois bem... Para se conhecerem melhor, irei formar quartetos para os trabalhos. – Disse o professor, e começou a olhar o nome dos alunos. – Solar, Cassandra, Cecília e Kaito farão trabalho sobre a cultura japonesa.
             – Tem mesmo que ser sobre a cultura japonesa, professor? – Cassandra, uma menina de cabelos negros e olhos castanhos, perguntou. O professor decidiu ignorar, pela idiotice da pergunta.
            – Mio, Teru, Yuki e Yutaka falarão sobre as guerras que ocorreram no mundo nos últimos tempos. – Pausou, voltando a olhar os nomes. – Kai, Takanori, Akira e Miwa falarão sobre a cultura antiga de Londres. – Olhou na direção dos alunos, que anotavam tudo rapidamente. – E por fim... Yoko, Kouyou, Yuu e Kamijo falarão sobre a cultura de cada país.
            – Data de entrega? – Perguntou Yuki, terminando de anotar e olhando para o professor.
            – Uma semana! – O homem ditou, severo, e logo tocou o sinal para o intervalo.
            – Querem passar o intervalo conosco? – O Yamashita perguntou, vendo as meninas tirarem seus bentos das bolsas, e um sorriso se formou nos lábios de Kai, e ela assentiu.
           


 Notas da autora:

Este foi o primeiro capitulo, e a Maya-chii me ajudou a escrevê-lo e deu ideia de como eu poderia fazer a fanfic! Personagens de Versailles e The GazettE, e alguns meus. Espero que tenham gostado, e até mais. <33~