sábado, 2 de fevereiro de 2013

Capitulo 3 - Jar Of Hearts


“And who do you think you are?
Running 'round leaving scars
Collecting your jar of hearts
And tearing love apart
You're gonna catch a cold
From the ice inside your soul.”


E quem você acha que é?
Deixando cicatrizes por aí
Colecionando um jarro de corações
E rasgando o amor ao meio
Você vai pegar um resfriado
Do gelo dentro da sua alma.”



            Haviam se passado cerca de um mês desde que fizeram os trabalhos, já haviam apresentado e entregado. Era hora da entrada, Kai e Mio estavam sentadas, tomando um chá gelado de latinha, e ao longe Mio pode ver Yuki abraçado com Solar, beijando-lhe ás vezes o queixo e outras vezes o pescoço. Sem ter muita consciência do que estava fazendo, os olhos da Kouchi marejaram, e logo ela estava chorando, assustando a Namae.


            – Mio-chan! – Disse assustada e tentando consolar a amiga. – O que houve?
            – Eu não sei, Kai! – Resmungou de forma manhosa, enquanto abraçava a amiga. – Tá doendo!
            – O que está doendo? Vou te levar pra enfermaria. – A Namae levantou-se, arrastando a amiga consigo.
            – O coração! – Mio disse manhosa, enquanto algumas pessoas viam as meninas. Agora todos já usavam o uniforme da escola.
            – Vamos, depressa! – Kai apressava a menina. – Hanako-san disse que sempre que o coração dói, é algo importante e que pode ser grave!


            Entraram na enfermaria, e a mulher bonita de cabelos roxos e seios fartos que usava um jaleco assustou-se com o estado da menina. Ela chorava compulsivamente, e a amiga parecia extremamente assustada. Nesse mesmo momento, o sinal indicando o término do intervalo anunciou.


            – Pode deixar sua amiga aqui, vá para a aula! – Disse carinhosamente, indicando para Mio sentar-se na maca.
            – Cuida bem dela! – E logo saiu da enfermaria, indo para sua sala.
            – Conte-me, o que está sentindo, mocinha? Onde dói tanto para você chorar assim? – A mulher perguntou, abrindo a camisa de botões de Mio.
            – O coração! – Disse manhosa, enquanto tentava cessar o choro, mas sem sucesso.
            – E primeiro, qual é o seu nome? – Perguntou, analisando os batimentos da menina, tudo parecia normal ali.
            – M-Mio. – Respondeu prontamente, tentando secar algumas lágrimas que escorriam pelo seu rosto.
            – E Mio-chan, o que você estava fazendo quando seu coração começou a doer? – Perguntou Saeko, a enfermeira.
            – Eu e minha amiga estávamos sentadas, e eu vi Yuki-kun abraçado com Solar... E começou a doer. – Disse a menina, chorando ainda mais ao lembrar-se da cena.
            – Mio-chan... – Ela deu um sorriso fraco. – Você descobriu o amor!


            Depois de longos conselhos, consolos, lágrimas e lenços, de acordo com o que Saeko falará, a Kouchi estava apaixonada por Yuki. Sentia todos os sintomas daquela “doença” – como Mio pensava – seu coração disparava ao ficar perto, ver e falar com Yuki, ela sorria bobamente e sentia algo que se chamava ciúmes – outra doença, na visão de Kouchi – que envolvia possessão. Nunca havia sentido aquilo antes!
            Já melhor, Mio voltou para a sala de aula, pedindo licença para a professora de japonês, que autorizou, e sentou-se ao lado de Kai, um tanto mais aliviada. Mas ainda assim doía, doía muito. Mas ela, de acordo com a enfermeira, deveria ser forte e não chorar, pois demonstraria fraqueza, e indesejavelmente Yuki poderia descobrir e seria ainda pior, pois ele estava com Solar, e isso era sinal que também não estava “doente” por si.


            – O que você tem, Mio-chan? – Perguntou Kai, baixinho. Teru e Yuki logo começaram a prestar atenção, disfarçadamente, na conversa das duas.
            – Saeko disse que estou com uma doença grave! – Sussurrou, esquecendo-se de Yuki a sua frente. Os três se espantaram. – Disse que estou apaixonada.
            – Mio-chan... – Kai riu baixinho, e fechou um dos olhos, tentando conter o riso. – Estar apaixonada não é uma doença!
            – Claro que é! – Mio disse, fazendo um pequeno bico enquanto copiava. – E pelo visto, é uma doença no coração, considerando o tanto que dói!
           

            Passaram o restante da aula falando sobre aquilo, mas em nenhum momento Mio citou que era por Yuki que estava apaixonada. Apesar de ter todos os “sintomas” ela nem certeza tinha. Conviviam a um mês juntos, apenas! Quem se apaixonaria por alguém em um mês? É... Ela se apaixonava em um mês! Maldito coração. Podia simplesmente ter se apaixonado por Uke, haviam se beijado! Mas não, tinha de ser por Yuki. Justo ele.


            – Está dormindo, Mio? – Yuki perguntou, quando a mesma estava parada feito uma idiota no portão da escola. Kai já havia ido para casa.
            – A-Ah! – Viu que já era tarde, cerca de seis e meia, pois havia aula á tarde, e o céu já estava escuro. – Até mais.
            – Espera! – Pediu, e foi atrás dela, que andava lentamente. – Quer que eu te leve até sua casa? Está tarde!
            – Não precisa! – Disse rapidamente, sentindo seu coração disparar.
            – Amor! Vem cá... – A voz irritante de Solar chamou por Yuki, fazendo Mio trincar os dentes. – Oi, garota.
            – Tchau. – Mio deu de ombros, e logo começou a andar, furiosa.


            Seguiu seu caminho até sua casa, e quando entrou lá, encontrou sua irmã caída ao chão, com uma garrafa de whisky em mãos, e alguns centavos no chão, o único dinheiro que havia sobrado para “viverem”, ninguém sobrevive com cinquenta centavos. Logo alguns trabalhadores da empresa de água e luz vieram cortar tais acessos, e ela não pode negar. Ótimo! Como iria estudar no escuro, e tomar banho sem água?


            – Onee-chan, acorde! – Pediu baixinho, balançando o corpo da irmã. – Não pode ficar deitada no chão, será comida pelos ratos.
            – Argh, o que foi, Mio? – Gritou, quebrando a garrafa, bêbada . E com um dos cacos, cortou o braço da irmã.


            Mio assustou-se tanto, que saiu correndo apavorada de dentro de casa. Correu pelas ruas frias, sangrando e com frio. Para onde ela estava indo não fazia a menor ideia, mas pelo menos estava longe de sua irmã. E se tivesse lhe atingido o pescoço? Yuki nunca saberia que ela teria morrido! Logo sentiu seu corpo bater-se contra o de alguém, e cair no chão. Olhou para cima, vendo a face de Yuki.


            – O que aconteceu, Mio? – Perguntou, abaixando-se e vendo a chuva começar. – Vem, vamos ali em casa pra mim ver isso...
            – Não precisa, foi só um cortezinho. – Disse, olhando para o machucado e sorrindo.
            – Logo a chuva vai ficar forte, para de manha e vem! – Disse, e logo a chuva se intensificou.


            Yuki então, começou a correr, arrastando a mais baixa consigo e logo entraram na casa do moreno. E a mãe do mesmo apareceu, assustada com o barulho da porta, que bateu forte. E logo assustou-se ainda mais ao ver o braço da menina – que já conhecia, pois havia ido ali outras vezes – sangrar.


            – Mio, o que aconteceu? – Perguntou, indo até a menina enquanto a empregada trazia algumas toalhas.
            – Caí por cima de um caco de vidro! – Mentiu, e sorriu de leve. – Sou desajeitada, mas é só um cortezinho. Yukio que insistiu para mim vir. – Explicou. – Nos esbarramos na rua.
            – E ele fez muito certo! – A mulher disse, enrolando os dois nas toalhas, e foram até a sala. – Se isso pega alguma mínima poeira, dará uma infecção horrível!


            A mãe de Yuki logo tratou de fazer um curativo e limpar o braço de Mio cuidadosamente. Era médica, então, havia bastantes recursos para fazer tal curativo dentro de sua casa. Depois disso, a mãe de Yuki, a senhora Kana, pediu para a empregada – muito simpática – fazer um café reforçado para os dois jovens, e em seguida, subiu as escadas, indo para seu quarto. Dali a alguns minutos desceu, com seu jaleco branco e impecável nos braços.


            – Vou ir trabalhar, Yuki! – Disse, e beijou a testa dos dois que estava na mesa, comendo. – E... Pode dormir aqui hoje, Mio-chan. Não seria bom voltar para casa. A empregada arrumará roupas para você!
            – Bom... Tudo bem então. E obrigada por tudo, Kana-san! – Agradeceu, sorrindo levemente. Aquela ali sim parecia uma família de verdade.


[...]

            Já Yoko estava na sua pequena e apertada “casa”. Era um quarto com um colchão de casal, duro e com roupas de cama rasgadas, dois travesseiros finos e duros, cinco pilhas de roupas perto de uma das paredes, uma estante de duas portinhas, onde havia a pouca comida que tinham, e um fogão – de chão – de uma boca, com duas panelas ao lado, porém quase nunca usados pela falta de gás. Havia um outro cômodo, separado por um tecido grosso, e lá era um banheiro pequeno com um chuveiro, um sanitário e uma pia com uma escova e uma pasta de dente em cima da mesma.
            Pegou uma roupa, e sua toalha velha, e seguiu para a casa do vizinho. Já era noite, e ele morava sozinho. Tinha cerca de 18 anos, e ajudava Yoko no que precisasse, mesmo que em troca de algo. Ela não tinha escolha, então, todos os dias acabava por dar seu corpo para o vizinho – ás vezes mais que uma vez por dia – em troca de comida e banho. Seguiu até lá, e bateu na porta, sendo recebida por Ichiru.


            – Olha, vejo que mudou de ideia... – Ele sorriu, triunfante e abriu mais a porta para a garota entrar, e assim ela fez.
            – Fiz isso só porque preciso de um banho e comida! – Justificou-se, e respirou fundo.
            – Tome seu banho, estarei lhe esperando no meu quarto. – Fechou a porta, e em seguida sumiu.


            A Hashirama tomou seu banho, e escovou os dentes. Secou-se e nem deu-se ao luxo de se vestir. Enrolada na toalha, seguiu em direção ao quarto de Ichiru, como fazia muitas vezes. Ele estava deitado, apenas com uma cueca boxer vermelha, e sorria levemente, ao ver a menina só enrolada na toalha.
            Sem o garoto precisar dizer nada, ela soltou a toalha no chão, deixando o corpo modesto e nu. Logo estava sobre a cama, abaixando lentamente a peça intima do menino de cabelos precocemente brancos. E então, simplesmente deixou-se levar, pelo que já sabia fazer tão bem. Juntos, deleitaram-se no prazer, e não falavam nada apenas resmungos e gemidos de prazer.
            Depois de tal coisa, Yoko jantou, escovou os dentes novamente e foi para sua casa dormir. Teria de acordar cedo e ir para a escola no outro dia. Já havia faltado uma semana, não poderia faltar mais, ou as coisas ficariam ruins. Estava evitando ao máximo envolver-se naquela escola, com aquelas pessoas, mas era impossível. Principalmente daqueles garotos. E para piorar – ou talvez melhorar – sua situação, Ichiru havia começado a trabalhar lá, como professor de educação física.
            Acordou na manhã seguinte, e vestiu-se com a blusa social branca de mangas curtas, a saia rodada preta, meias e sapatinhos pretos. Pegou sua bolsa da escola, sua escova de dentes, e foi até a casa do vizinho – que a levaria para a escola – para escovar os dentes. E assim fez. Logo os dois foram de carro para a escola, e chegaram cerca de quinze minutos antes de o sinal tocar.


            – Yoko... Ficou tanto tempo sem vir para a escola por que? – Perguntou Miwa. Estavam ela, Miwa, Akira e Takanori sentados conversando.
            – Alguns problemas! – Disse rapidamente, e sorriu de leve. – Nada de mais! Os professores passaram algo interessante ou que valesse nota?
            – Não, nada. – Akira disse, ajeitando a faixa, hoje branca, em seu nariz.
            – E o que é isso? – Perguntou o Takanori de modo infantil, cutucando uma das marcas roxas no pescoço da loirinha.
            – Alergia! – Disse, sem nem pensar direito, e cobriu as marcas com as mãos.
            – Alergia de que? – Miwa perguntou, rindo baixinho. Só mesmo o Matsumoto para acreditar naquela história de alergia.
            – N-Não sei! – A Hashirama corou, e olhou para o chão.
            – Eu sei o que é. – Akira disse, e sorriu de leve. – Chupões! Andou se pegando com alguém, Yoko?
            – Claro que andou! Olha só, tem alguns nas coxas também. – Disse o Masashi, rindo das bochechas coradas de Yoko. – E na barriga!
            – Ei, ei... – Akira disse, e acariciou os cabelos da loira levemente. – Anda usando camisinha pelo menos, né?
            – Claro que sim! – Deixou escapar, e em seguida, cobriu os lábios com as mãos. – D-Digo...
            – Vou ir pegar um refrigerante. – O Matsumoto disse do modo mais grosso que conseguiu, e saiu dali.


            Logo em seguida, Yoko, Miwa e Akira decidiram ir atrás de Takanori, aliás, ele estava demorando de mais. O sinal já tinha tocado, mas ele não estava na sala, e quanto entraram no ginásio, que deveria estar vazio, aliás não teria aula de educação física naquele dia, encontraram o Matsumoto e uma menina, Aika, de outra sala. Ele estava sentado na arquibancada, e Aika se mexia sobre ele, levantando e em seguida sentando novamente, e os dois gemiam alto.


            – Se a diretora pegar o Takanori por aqui fazendo isso, ele estará fudido! – Comentou Miwa, e balançou a cabeça novamente. – Depois fale com ele, Akira.
            – Para quem ia só beber um refrigerante... – O Suzuki disse, e em seguida virou as costas. – Foda-se, se quiser, fale você com ele. Não sou babá do Matsumoto!
            – Droga! Tudo eu. – Reclamou Miwa.


            Estava tão absorta, vendo a cena abismada, que escorregou e caiu no chão. Ao escutar o barulho, Takanori – que já havia terminado o que fazia com Aika – assustou-se, vendo Yoko se levantar. Fechou as calças, acenou para a ruiva e seguiu em direção a Yoko. Estendeu a mão, para ajudar a mesma á terminar de levantar, porém a mesma recusou e levantou-se, apressada.

            – Estou indo para a sala! – Anunciou e saiu dali, apressada. Obviamente não iria para a sala.

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