“And who do you think you are?
Running 'round leaving scars
Collecting your jar of hearts
And tearing love apart
You're gonna catch a cold
From the ice inside your soul.”
“E
quem você acha que é?
Deixando cicatrizes por aí
Colecionando um jarro de corações
E rasgando o amor ao meio
Você vai pegar um resfriado
Do gelo dentro da sua alma.”
Haviam
se passado cerca de um mês desde que fizeram os trabalhos, já haviam
apresentado e entregado. Era hora da entrada, Kai e Mio estavam sentadas,
tomando um chá gelado de latinha, e ao longe Mio pode ver Yuki abraçado com
Solar, beijando-lhe ás vezes o queixo e outras vezes o pescoço. Sem ter muita
consciência do que estava fazendo, os olhos da Kouchi marejaram, e logo ela
estava chorando, assustando a Namae.
–
Mio-chan! – Disse assustada e tentando consolar a amiga. – O que houve?
– Eu
não sei, Kai! – Resmungou de forma manhosa, enquanto abraçava a amiga. – Tá
doendo!
– O que
está doendo? Vou te levar pra enfermaria. – A Namae levantou-se, arrastando a
amiga consigo.
– O
coração! – Mio disse manhosa, enquanto algumas pessoas viam as meninas. Agora
todos já usavam o uniforme da escola.
–
Vamos, depressa! – Kai apressava a menina. – Hanako-san disse que sempre que o
coração dói, é algo importante e que pode ser grave!
Entraram
na enfermaria, e a mulher bonita de cabelos roxos e seios fartos que usava um
jaleco assustou-se com o estado da menina. Ela chorava compulsivamente, e a
amiga parecia extremamente assustada. Nesse mesmo momento, o sinal indicando o
término do intervalo anunciou.
– Pode
deixar sua amiga aqui, vá para a aula! – Disse carinhosamente, indicando para
Mio sentar-se na maca.
– Cuida
bem dela! – E logo saiu da enfermaria, indo para sua sala.
–
Conte-me, o que está sentindo, mocinha? Onde dói tanto para você chorar assim?
– A mulher perguntou, abrindo a camisa de botões de Mio.
– O
coração! – Disse manhosa, enquanto tentava cessar o choro, mas sem sucesso.
– E
primeiro, qual é o seu nome? – Perguntou, analisando os batimentos da menina,
tudo parecia normal ali.
–
M-Mio. – Respondeu prontamente, tentando secar algumas lágrimas que escorriam
pelo seu rosto.
– E
Mio-chan, o que você estava fazendo quando seu coração começou a doer? –
Perguntou Saeko, a enfermeira.
– Eu e
minha amiga estávamos sentadas, e eu vi Yuki-kun abraçado com Solar... E
começou a doer. – Disse a menina, chorando ainda mais ao lembrar-se da cena.
–
Mio-chan... – Ela deu um sorriso fraco. – Você descobriu o amor!
Depois
de longos conselhos, consolos, lágrimas e lenços, de acordo com o que Saeko
falará, a Kouchi estava apaixonada por Yuki. Sentia todos os sintomas daquela
“doença” – como Mio pensava – seu coração disparava ao ficar perto, ver e falar
com Yuki, ela sorria bobamente e sentia algo que se chamava ciúmes – outra
doença, na visão de Kouchi – que envolvia possessão. Nunca havia sentido aquilo
antes!
Já
melhor, Mio voltou para a sala de aula, pedindo licença para a professora de
japonês, que autorizou, e sentou-se ao lado de Kai, um tanto mais aliviada. Mas
ainda assim doía, doía muito. Mas ela, de acordo com a enfermeira, deveria ser
forte e não chorar, pois demonstraria fraqueza, e indesejavelmente Yuki poderia
descobrir e seria ainda pior, pois ele estava com Solar, e isso era sinal que também
não estava “doente” por si.
– O que
você tem, Mio-chan? – Perguntou Kai, baixinho. Teru e Yuki logo começaram a
prestar atenção, disfarçadamente, na conversa das duas.
– Saeko
disse que estou com uma doença grave! – Sussurrou, esquecendo-se de Yuki a sua
frente. Os três se espantaram. – Disse que estou apaixonada.
–
Mio-chan... – Kai riu baixinho, e fechou um dos olhos, tentando conter o riso.
– Estar apaixonada não é uma doença!
– Claro
que é! – Mio disse, fazendo um pequeno bico enquanto copiava. – E pelo visto, é
uma doença no coração, considerando o tanto que dói!
Passaram
o restante da aula falando sobre aquilo, mas em nenhum momento Mio citou que
era por Yuki que estava apaixonada. Apesar de ter todos os “sintomas” ela nem
certeza tinha. Conviviam a um mês juntos, apenas! Quem se apaixonaria por
alguém em um mês? É... Ela se apaixonava em um mês! Maldito coração. Podia
simplesmente ter se apaixonado por Uke, haviam se beijado! Mas não, tinha de
ser por Yuki. Justo ele.
– Está
dormindo, Mio? – Yuki perguntou, quando a mesma estava parada feito uma idiota
no portão da escola. Kai já havia ido para casa.
– A-Ah!
– Viu que já era tarde, cerca de seis e meia, pois havia aula á tarde, e o céu
já estava escuro. – Até mais.
–
Espera! – Pediu, e foi atrás dela, que andava lentamente. – Quer que eu te leve
até sua casa? Está tarde!
– Não
precisa! – Disse rapidamente, sentindo seu coração disparar.
– Amor!
Vem cá... – A voz irritante de Solar chamou por Yuki, fazendo Mio trincar os
dentes. – Oi, garota.
–
Tchau. – Mio deu de ombros, e logo começou a andar, furiosa.
Seguiu
seu caminho até sua casa, e quando entrou lá, encontrou sua irmã caída ao chão,
com uma garrafa de whisky em mãos, e alguns centavos no chão, o único dinheiro
que havia sobrado para “viverem”, ninguém sobrevive com cinquenta centavos.
Logo alguns trabalhadores da empresa de água e luz vieram cortar tais acessos,
e ela não pode negar. Ótimo! Como iria estudar no escuro, e tomar banho sem
água?
–
Onee-chan, acorde! – Pediu baixinho, balançando o corpo da irmã. – Não pode
ficar deitada no chão, será comida pelos ratos.
– Argh,
o que foi, Mio? – Gritou, quebrando a garrafa, bêbada . E com um dos cacos,
cortou o braço da irmã.
Mio
assustou-se tanto, que saiu correndo apavorada de dentro de casa. Correu pelas
ruas frias, sangrando e com frio. Para onde ela estava indo não fazia a menor
ideia, mas pelo menos estava longe de sua irmã. E se tivesse lhe atingido o
pescoço? Yuki nunca saberia que ela teria morrido! Logo sentiu seu corpo
bater-se contra o de alguém, e cair no chão. Olhou para cima, vendo a face de
Yuki.
– O que
aconteceu, Mio? – Perguntou, abaixando-se e vendo a chuva começar. – Vem, vamos
ali em casa pra mim ver isso...
– Não
precisa, foi só um cortezinho. – Disse, olhando para o machucado e sorrindo.
– Logo
a chuva vai ficar forte, para de manha e vem! – Disse, e logo a chuva se
intensificou.
Yuki
então, começou a correr, arrastando a mais baixa consigo e logo entraram na
casa do moreno. E a mãe do mesmo apareceu, assustada com o barulho da porta,
que bateu forte. E logo assustou-se ainda mais ao ver o braço da menina – que
já conhecia, pois havia ido ali outras vezes – sangrar.
– Mio,
o que aconteceu? – Perguntou, indo até a menina enquanto a empregada trazia
algumas toalhas.
– Caí
por cima de um caco de vidro! – Mentiu, e sorriu de leve. – Sou desajeitada,
mas é só um cortezinho. Yukio que insistiu para mim vir. – Explicou. – Nos
esbarramos na rua.
– E ele
fez muito certo! – A mulher disse, enrolando os dois nas toalhas, e foram até a
sala. – Se isso pega alguma mínima poeira, dará uma infecção horrível!
A mãe
de Yuki logo tratou de fazer um curativo e limpar o braço de Mio
cuidadosamente. Era médica, então, havia bastantes recursos para fazer tal
curativo dentro de sua casa. Depois disso, a mãe de Yuki, a senhora Kana, pediu
para a empregada – muito simpática – fazer um café reforçado para os dois
jovens, e em seguida, subiu as escadas, indo para seu quarto. Dali a alguns
minutos desceu, com seu jaleco branco e impecável nos braços.
– Vou
ir trabalhar, Yuki! – Disse, e beijou a testa dos dois que estava na mesa,
comendo. – E... Pode dormir aqui hoje, Mio-chan. Não seria bom voltar para
casa. A empregada arrumará roupas para você!
–
Bom... Tudo bem então. E obrigada por tudo, Kana-san! – Agradeceu, sorrindo
levemente. Aquela ali sim parecia uma família de verdade.
[...]
Já Yoko
estava na sua pequena e apertada “casa”. Era um quarto com um colchão de casal,
duro e com roupas de cama rasgadas, dois travesseiros finos e duros, cinco
pilhas de roupas perto de uma das paredes, uma estante de duas portinhas, onde
havia a pouca comida que tinham, e um fogão – de chão – de uma boca, com duas
panelas ao lado, porém quase nunca usados pela falta de gás. Havia um outro
cômodo, separado por um tecido grosso, e lá era um banheiro pequeno com um
chuveiro, um sanitário e uma pia com uma escova e uma pasta de dente em cima da
mesma.
Pegou
uma roupa, e sua toalha velha, e seguiu para a casa do vizinho. Já era noite, e
ele morava sozinho. Tinha cerca de 18 anos, e ajudava Yoko no que precisasse,
mesmo que em troca de algo. Ela não tinha escolha, então, todos os dias acabava
por dar seu corpo para o vizinho – ás vezes mais que uma vez por dia – em troca
de comida e banho. Seguiu até lá, e bateu na porta, sendo recebida por Ichiru.
– Olha,
vejo que mudou de ideia... – Ele sorriu, triunfante e abriu mais a porta para a
garota entrar, e assim ela fez.
– Fiz
isso só porque preciso de um banho e comida! – Justificou-se, e respirou fundo.
– Tome
seu banho, estarei lhe esperando no meu quarto. – Fechou a porta, e em seguida
sumiu.
A
Hashirama tomou seu banho, e escovou os dentes. Secou-se e nem deu-se ao luxo
de se vestir. Enrolada na toalha, seguiu em direção ao quarto de Ichiru, como
fazia muitas vezes. Ele estava deitado, apenas com uma cueca boxer vermelha, e
sorria levemente, ao ver a menina só enrolada na toalha.
Sem o
garoto precisar dizer nada, ela soltou a toalha no chão, deixando o corpo
modesto e nu. Logo estava sobre a cama, abaixando lentamente a peça intima do
menino de cabelos precocemente brancos. E então, simplesmente deixou-se levar,
pelo que já sabia fazer tão bem. Juntos, deleitaram-se no prazer, e não falavam
nada apenas resmungos e gemidos de prazer.
Depois
de tal coisa, Yoko jantou, escovou os dentes novamente e foi para sua casa
dormir. Teria de acordar cedo e ir para a escola no outro dia. Já havia faltado
uma semana, não poderia faltar mais, ou as coisas ficariam ruins. Estava
evitando ao máximo envolver-se naquela escola, com aquelas pessoas, mas era
impossível. Principalmente daqueles garotos. E para piorar – ou talvez melhorar
– sua situação, Ichiru havia começado a trabalhar lá, como professor de
educação física.
Acordou
na manhã seguinte, e vestiu-se com a blusa social branca de mangas curtas, a
saia rodada preta, meias e sapatinhos pretos. Pegou sua bolsa da escola, sua
escova de dentes, e foi até a casa do vizinho – que a levaria para a escola –
para escovar os dentes. E assim fez. Logo os dois foram de carro para a escola,
e chegaram cerca de quinze minutos antes de o sinal tocar.
–
Yoko... Ficou tanto tempo sem vir para a escola por que? – Perguntou Miwa.
Estavam ela, Miwa, Akira e Takanori sentados conversando.
–
Alguns problemas! – Disse rapidamente, e sorriu de leve. – Nada de mais! Os
professores passaram algo interessante ou que valesse nota?
– Não,
nada. – Akira disse, ajeitando a faixa, hoje branca, em seu nariz.
– E o
que é isso? – Perguntou o Takanori de modo infantil, cutucando uma das marcas
roxas no pescoço da loirinha.
– Alergia!
– Disse, sem nem pensar direito, e cobriu as marcas com as mãos.
–
Alergia de que? – Miwa perguntou, rindo baixinho. Só mesmo o Matsumoto para
acreditar naquela história de alergia.
– N-Não
sei! – A Hashirama corou, e olhou para o chão.
– Eu sei
o que é. – Akira disse, e sorriu de leve. – Chupões! Andou se pegando com
alguém, Yoko?
– Claro
que andou! Olha só, tem alguns nas coxas também. – Disse o Masashi, rindo das
bochechas coradas de Yoko. – E na barriga!
– Ei,
ei... – Akira disse, e acariciou os cabelos da loira levemente. – Anda usando
camisinha pelo menos, né?
– Claro
que sim! – Deixou escapar, e em seguida, cobriu os lábios com as mãos. –
D-Digo...
– Vou
ir pegar um refrigerante. – O Matsumoto disse do modo mais grosso que
conseguiu, e saiu dali.
Logo em
seguida, Yoko, Miwa e Akira decidiram ir atrás de Takanori, aliás, ele estava
demorando de mais. O sinal já tinha tocado, mas ele não estava na sala, e
quanto entraram no ginásio, que deveria estar vazio, aliás não teria aula de educação
física naquele dia, encontraram o Matsumoto e uma menina, Aika, de outra sala.
Ele estava sentado na arquibancada, e Aika se mexia sobre ele, levantando e em
seguida sentando novamente, e os dois gemiam alto.
– Se a
diretora pegar o Takanori por aqui fazendo isso, ele estará fudido! – Comentou
Miwa, e balançou a cabeça novamente. – Depois fale com ele, Akira.
– Para
quem ia só beber um refrigerante... – O Suzuki disse, e em seguida virou as
costas. – Foda-se, se quiser, fale você com ele. Não sou babá do Matsumoto!
–
Droga! Tudo eu. – Reclamou Miwa.
Estava
tão absorta, vendo a cena abismada, que escorregou e caiu no chão. Ao escutar o
barulho, Takanori – que já havia terminado o que fazia com Aika – assustou-se,
vendo Yoko se levantar. Fechou as calças, acenou para a ruiva e seguiu em
direção a Yoko. Estendeu a mão, para ajudar a mesma á terminar de levantar,
porém a mesma recusou e levantou-se, apressada.
– Estou
indo para a sala! – Anunciou e saiu dali, apressada. Obviamente não iria para a
sala.
Nenhum comentário:
Postar um comentário